Estudantes da Gama Filho concluem a graduação, mas estão sem diploma
Estudantes formados ou prestes a concluir o curso de graduação na Universidade Gama Filho estão sem poder exercer a profissão porque ainda não conseguiram pegar o diploma. A instituição foi descredenciada pelo MEC (Ministério da Educação) na semana passada e os alunos que ainda precisam completar a carga horária serão transferidos para outras faculdades.
Alunas do último período de direito da Gama Filho, Tânia Cristina e Tatiana Gomes tiveram a formatura - e os planos - adiados. "A gente não sabe ainda o que vai acontecer. Espero que os professores tenham piedade da gente e lancem as notas", disse Tânia.
O caso de Tatiana é um retrato desse imbróglio educacional. Formanda em direito, ela conta que já estagia há dois anos em um escritório de advocacia e pode perder o emprego caso não entregue, em nove dias, o diploma.
"Já entreguei o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) e espero em nove dias conseguir uma declaração de conclusão de curso, senão estou desempregada", enfatiza a graduanda de 35 anos.
"Querem me efetivar, mas infelizmente sem declaração não tenho como continuar. Só falta mesmo lançamento da nota da monografia e encerrar o curso no sistema. Mediante a uma simples declaração, estou empregada. Sem documento, estou desempregada com filho para criar, casa para sustentar e contas a pagar. Estou formada e não tenho como provar. É o famoso 'paguei e não levei'", ironizou Tatiana.
Também apreensiva está Tatiana Adário, que concluiu o curso de medicina e ainda não conseguiu pegar os documentos necessários para se credenciar no Cremerj (Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro). Ele corre o risco de perder a vaga em residência médica caso não apresente até março esses arquivos.
"Colamos grau, mas não temos o diploma ainda. Teremos que entrar com uma liminar na Justiça para tentar conseguir os documentos. A faculdade está com as portas fechadas. Tenho até março para entregar meu diploma ao Cremerj. Se não entregar, acho que não vou poder exercer a profissão", afirma.
Já o músico profissional e formando de ciência da computação, Antônio Cavalcante Filho, já defendeu o TCC e precisa concluir apenas quatro disciplinas para poder se graduar.
Ele lamenta que a possibilidade de poder complementar sua renda com o diploma tenha ficado mais distante. "A gente pagou esses últimos seis meses mensalidade e jogamos o dinheiro pelo ralo, porque perdemos o semestre. Estou numa completa incerteza, inseguro e me sentindo humilhado. A educação pública não é garantida pelo governo e nem pagando conseguimos estudar. Mesmo com a transferência assistida, a minha formatura provavelmente vai atrasar", disse Antonio.
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