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Capital de SP não retoma aulas de reforço em setembro mesmo com permissão

Autoridades de Saúde estão preocupadas com o impacto que a medida teria na curva da covid-19 -  izusek/Getty Images
Autoridades de Saúde estão preocupadas com o impacto que a medida teria na curva da covid-19 Imagem: izusek/Getty Images

Felipe Pereira

Do UOL, em São Paulo

07/08/2020 12h44

Apesar de estar autorizada a retomar atividades educacionais presenciais como aulas de reforço, uso de bibliotecas e laboratórios a partir de 8 de setembro, a Prefeitura de São Paulo optou por não reabrir as escolas neste prazo, informou a Secretaria Municipal de Educação da capital. A medida valerá para as escolas particulares também. As autoridades de Saúde estão preocupadas com o impacto que a medida teria na curva da Covid-19, principalmente entre os mais idosos.

A terceira etapa do inquérito sorológico demonstrou que a volta dos adultos ao trabalho levou ao aumento de casos entre pessoas de mais de 65 anos. O temor é que a volta das atividades educacionais presenciais intensifique este movimento. Outro motivo é que os professores manifestaram interesse em participar da elaboração dos protocolos. Houve nove reuniões por videoconferência com a categoria e há mais seis agendadas.

A Secretaria Municipal de Educação também espera o resultado da quarta etapa do inquérito sorológico, que mira pessoas em idade escolar. Ele começou nesta semana e serão realizados 24 mil testes. A prévia dos resultados deve sair em 20 de agosto, mas não há uma data para finalização do trabalho.

O não retorno dos estudantes da capital às escolas já havia sido sinalizado pelo secretário municipal de Educação, Bruno Caetano, desde o começo da semana. Ainda na segunda-feira ele disse que seria difícil a rede municipal de ensino retomar mesmo com permissão do governo do estado.

Iniciativas da Prefeitura

O secretário Bruno Caetano agradeceu à parceria e o alinhamento entre Prefeitura, governo estadual e secretarias "para que tenhamos segurança nesse retorno".

"Nós só abriremos escolas quando a saúde entender ser seguro. Seguimos, então, absolutamente alinhados e subordinados à saúde pública", afirmou.

O secretário ainda destacou iniciativas da cidade de São Paulo voltadas para a retomada de aulas presenciais em escolas públicas municipais. Até setembro, segundo ele, 26 novas escolas serão entregues "para que não falte vaga para ninguém".

Além disso, a Prefeitura aprovou "a possibilidade de aquisição de vagas junto à rede privada de ensino, caso isso seja necessário no momento de retorno às aulas presenciais". O projeto foi aprovado pelos vereadores em segunda votação na última quarta-feira.

Caetano também informou que a cidade está repondo quadros de educadores, uma vez que professores com mais de 60 anos e/ou com comorbidades não poderão voltar às atividades presenciais.

As escolas ainda seguirão protocolos sanitários. Segundo ele, os alunos receberão kits individuais, com máscaras, sabonetes, álcool em gel e copos ou canecas individuais, para que não sejam compartilhados.

Retomada das atividades

O governador João Doria (PSDB) anunciou hoje que regiões que estão há quatro semanas na fase amarela do Plano São Paulo estão autorizadas a retomar parte das atividades educacionais a partir de 8 de setembro. Nesta data, as escolas poderão liberar o uso de bibliotecas e laboratórios, por exemplo. A cidade de São Paulo está nesse grupo e, por isso, já poderia planejar a volta dos alunos às escolas, obedecendo os cuidados recomendados.

Doria afirmou que as aulas presenciais devem ser retomadas no dia 7 de outubro nas escolas públicas e particulares. De acordo com ele, 86% da população do estado está na fase amarela, o que permitiria a abertura de toda a rede, mas preferiu adiar o reinício das aulas presenciais para existir uma margem de segurança.

No Plano São Paulo, de flexibilização da economia, o governo estipulou cinco fases - a fase 1 (vermelha) significa a situação mais crítica e a fase 5 (azul), o cenário controlado.

Decisão de prefeitos e escolas

Nas cidades onde há permissão para volta de aulas de reforço e uso de bibliotecas e laboratórios, a decisão final caberá aos prefeitos e escolas. Entre aqueles que optarem pela retomada, haverá prioridade a alunos com déficit de aprendizado para receberem reforço escolar.

A Baixada Santista e a Região Metropolitana de São Paulo, com exceção da sub-região Norte, cumprem o requisito de recomeçar as aulas presenciais. Mas alguns prefeitos do ABC já avisaram que não pretendem retomar as aulas neste ano.

Quatro dos sete municípios do ABC paulista, região que tem mais de 2 milhões de habitantes, já anunciaram que a reabertura das escolas da rede pública municipal só acontecerá em 2021. São eles: Santo André, Mauá, Rio Grande da Serra e Ribeirão Pires.

Em São Bernardo do Campo, a prefeitura informou que as aulas presenciais não retornarão em setembro. O prefeito Orlando Morando (PSDB) chegou a admitir um possível retorno em outubro, a depender da condição epidemiológica da cidade.

Prefeito de São Caetano do Sul, José Auricchio Junior (PSDB) também descartou o retorno das aulas em setembro. Já a cidade de Diadema deve aguardar os resultados de uma pesquisa feita com a comunidade escolar para tomar uma decisão.