Por falta de verba, UFRJ não deve retomar aulas presenciais em 2021
A reitora da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Denise Pires de Carvalho, afirmou em entrevista ao Valor Econômico que a instituição não deve retomar as aulas presenciais em 2021. A previsão, no entanto, vai além da pandemia e se deve à falta de verba.
Como o centro fluminense recebe o maior orçamento, a reitora é uma grande representante contra o governo federal na questão de escassez de dinheiro para as universidades. Atualmente, a pressão é para a liberação de mais de R$ 1 bilhão para as instituições de ensino superior públicas - o valor seria para recolocar os orçamentos discricionários nos níveis do ano passado.
Segundo Denise, a maioria das federais brasileiras deve seguir o mesmo caminho que a UFRJ e repensar as aulas presenciais apenas para 2022. O MEC (Ministério da Educação) elaborou um plano de segurança para o retorno físico dos estudantes em meio à pandemia, mas isso traria custos adicionais, o que é mais um obstáculo.
Em uma tentativa de reduzir o valor do pedido financeiro, o pró-reitor de finanças da UFRJ, Eduardo Raupp, pensou em um plano de retorno apenas para os alunos que precisam das disciplinas presenciais para se formar, são cerca de 4 mil pessoas nessa situação. "É preciso reabrir parte das salas e laboratórios de cursos como química e engenharia para que essas pessoas continuem suas vidas", falou a reitora.
Com isso, a verba teria um adicional de R$ 13 milhões. Para manter os leitos e as pesquisas de coronavírus na universidade, seria necessário R$ 63 milhões adicionais. Em abril, o ministério da Economia formalmente negou o pedido dessa verba de estudo da UFRJ e de outras instituições federais.
Temos mais de 150 projetos de pesquisa ligados à pandemia, dois deles de vacinas próprias. Foram mais de 50 mil testes RT-PCR, o que fazemos com isso, interrompemos? Seria contraproducente. Ciência demanda continuidade.
Denise Pires de Carvalho
Porém, o ministério disse que os requerimentos das universidades serão avaliados pela Junta de Execução Orçamentária, composta por técnicos da Economia e da Casa Civil. Mesmo se não houvesse a demanda de verba extra para preparar a segurança contra o coronavírus, a reitora da UFRJ afirmou que muitas universidades não estão em condição de receber os alunos. Isso porque, após um corte médio de 18% no orçamento das faculdades, várias não conseguem pagar as contas de água e luz.
Entre verbas adicionais, não reedição de orçamento para enfrentamento da pandemia e cortes bruscos, a reitoria da UFRJ tem uma quantia 39% menor para sustentar a instituição em 2021. "Assim vamos fechar o ano com déficit de no mínimo R$ 80 milhões. Isso sem ampliar. É possível que tenhamos de parar testes moleculares e fechar leitos de covid, uma atuação que não é o básico da universidade, mas fundamental no momento", afirmou Denise.
Sobre as queixas dos administradores das instituições federais, o ministério da Economia disse que a adição de superávit patrimonial possui previsão legal. Além disso, o ministério afirmou que a inclusão e emenda parlamentares no limite orçamentário das universidades fica a cargo do Congresso.
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