Mãe faz Enem com filha após ter covid durante caos em hospitais em Manaus
Meia hora antes de os portões fecharem no primeiro dia do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), a esteticista Neiva Ribeiro, 48, e a filha Lohany Carolina Ribeiro Mendonça, 18, já estavam na Escola Estadual Professor José Bernardino Lindoso, na zona norte de Manaus, com uma sacola com pipoca, salgados e água —estoque para a longa duração da prova, que começou às 12h30 e vai até as 18h.
As duas fazem o Enem. Neiva quer recuperar a bolsa no curso de administração, que perdeu ao abandonar os estudos quando adoeceu de covid, no colapso do sistema de saúde em Manaus, entre dezembro de 2020 e janeiro de 2021. Passou o ano lidando com as sequelas da doença. "Agora que estou melhorando".
Aluna da escola pública, Lohany fará a prova pela primeira vez e reclama da falta de apoio da escola. Quer fazer direito.
As duas afirmam que estudaram em casa, juntas fizeram testes de redação e que estão confiantes.
Lohany diz que a mãe a inspira. "Mesmo que eu não passe, vou continuar tentando. Minha mãe é minha inspiração. Ela está aqui comigo tentando voltar a estudar."
A doença da mãe foi um momento de muita tensão. Em janeiro, em estado grave, ela via as notícias de pacientes morrendo por falta de oxigênio nos hospitais, por isso decidiu não ir para o hospital.
Neiva disse que aos poucos supera as sequelas e está com o ânimo renovado. "Eu gosto muito de estudar e quero voltar."
Nervosismo até na selfie
A estudante Barbara Thammys da Silva e Silva, 18, caminhou com a amiga Rosangela Maria de Souza da Costa, 17, meia hora até a escola onde fizeram o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) hoje.
Saíram de casa às 10h30 para não correrem o risco de se atrasarem. Em Manaus, a prova começou às 11h no horário local, já tem fuso diferente de Brasília.
Rosangela comia um salgado na escadaria da escola enquanto conversava com outros colegas. As duas alunas confessaram estar nervosas. Até a selfie para postar nas redes sociais teve que ser refeita várias vezes, porque as mãos temiam.
Além da preparação para o Enem, Barbara se dividiu nos últimos meses entre as atividades da escola, o trabalho como menor aprendiz e estudos para o concurso da Polícia Militar do Amazonas, previsto para fevereiro.
O nervosismo também tinha a ver com as dificuldades enfrentadas neste ano.
Barbara perdeu o pai e, depois disso, a família sofreu com apertos financeiros. Ela e a irmã mais velha tiveram de trabalhar para ajudar nas despesas.
"Meu pai morreu. Ficou só a renda da minha mãe. Fiquei bem abalada. As coisas lá em casa melhoraram porque começamos a ajudar. Mas fiquei um pouco sem tempo", conta.
Já Rosangela fará a prova pela terceira vez. As anteriores serviram como teste. Mas ela se diz ansiosa, porque tem amigos em escolas particulares e vê que eles têm vantagens em relação aos estudos. Diz que buscou estudar muito em casa para tentar compensar o conteúdo que não tinha na escola.
"Já tenho experiência na prova. Mas no ano passado foi estranho. Vi poucas pessoas na prova. Foi em fevereiro e tinha a pandemia", disse.
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