Mercadante se indispõe com servidores do Inep ao nomear novo presidente
Em meio ao turbilhão da delação de Delcídio Amaral (PT-MS), em que é acusado de comprar o silêncio do senador, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, se indispôs com uma centena de servidores do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) ao nomear seu novo presidente. Ele afastou a possibilidade de oferecer o cargo a Alexandre André dos Santos - diretor de avaliação básica do órgão, ligado ao PMDB - e convidou o sociólogo Luiz Roberto Liza Curi, membro do Conselho Nacional de Educação.
Funcionários da autarquia já haviam feito até abaixo-assinado para endossar uma campanha interna a favor de Santos, sob o argumento de "levar um servidor à direção dos trabalhos". De acordo com texto publicado nas redes sociais pelo próprio diretor, mais de cem pessoas assinaram o documento. "Honrado, agradeço a lembrança do meu nome", disse ele. Em sua página profissional, a foto principal traz um grande logo do PMDB, em frente ao qual discursa o vice-presidente Michel Temer.
No entanto, com a ajuda do secretário-executivo do Inep, Luiz Cláudio Costa, Mercadante optou pelo nome de Curi, que deve ser publicado ainda esta semana no Diário Oficial da União. Fontes ouvidas pelo jornal O Estado de S.Paulo afirmaram que o ministro não colocaria Santos na presidência do Inep pois ele "não reuniria as condições necessárias para o cargo, do ponto de vista do respaldo científico e acadêmico". Em 2014, ele foi secretário de educação de Bombinhas (SC), município de 14 mil habitantes governado pelo PDT.
Curi, que no CNE presidiu comissão especial sobre educação à distância, teve cargos de confiança em governos de vários partidos. Foi chefe de gabinete da presidência do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) no governo Sarney (PMDB), diretor nacional de políticas de Educação Superior do MEC no segundo mandato de FHC (PSDB) e voltou ao MCT em 2002, onde ficou até 2004, quando o presidente era Lula (PT). Segundo interlocutores ligados ao governo, a "pluralidade" do sociólogo também pesou na escolha do ministro.
Os defensores de Alexandre André dos Santos já haviam se oposto ao ex-presidente do Inep José Francisco Soares. No fim de 2015, ele propôs uma reestruturação da autarquia e 14% dos cargos comissionados foram cortados. Para a Associação de Servidores do Inep (Assinep), a proposta "desestruturava e comprometia" as finalidades do instituto, responsável pela aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), além de elaborar avaliações e censos. O desgaste com os funcionários, aliado a "problemas pessoais", levou Soares a pedir demissão, 15 dias atrás.
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