Topo

USP lidera 52 brasileiras em ranking de universidades, mas fora da 'elite'

Formandos na Universidade Tsinghua, na China, que entrou no top 20 universitário global - Reuters
Formandos na Universidade Tsinghua, na China, que entrou no top 20 universitário global Imagem: Reuters

02/09/2020 11h30

A USP (Universidade de São Paulo) mantém-se como a brasileira mais bem colocada no THE (Times Higher Education), prestigioso ranking internacional de universidades divulgado na íntegra hoje.

O Brasil aumentou sua participação no ranking (o qual também aumentou o número de universidades avaliadas), mas se mantém fora do topo das 200 principais instituições de ensino superior globais.

A USP está no "segundo pelotão", entre as 251 e 300 melhores universidades do mundo, seguida por outras seis universidades públicas brasileiras (Unicamp e as universidades federais de Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe, nessa ordem) e a PUC-Rio.

No total, 52 universidades brasileiras estão listadas entre 1527 instituições globais avaliadas no THE. Trata-se de um recorde em relação aos anos anteriores (no ano passado, entre 1397 universidades avaliadas, o Brasil teve 46 no ranking).

A THE confirma que, desde 2011, quando implementou a metodologia atual de avaliação, o Brasil vê sua participação aumentar ano a ano.

O país supera numericamente outros da América Latina no ranking: o Chile tem 21 universidades listadas no THE (inclusive a mais bem colocada entre as latino-americanas, a Pontifícia Universidade Católica chilena); México tem 16 e Colômbia tem 9.

"Eu acredito que se as universidades brasileiras continuarem mostrando essa diligência, e se elas conseguirem garantir apoio suficiente do governo e do público em geral durante estes tempos extremamente desafiadores, elas vão começar a desafiar algumas das melhores do mundo tanto regionalmente como no ranking global", disse Phil Baty, diretor de conhecimento da THE, em julho, quando saíram os resultados preliminares do ranking.

Ele disse que a crise do coronavírus atingiu as universidades latino-americanas, mas que também ajudou a ressaltar a importância delas na sociedade.

O ranking da Times Higher Education avalia 13 métricas, que incluem ensino, pesquisa, transferência de conhecimento e expressividade internacional.

Na edição 2021, diz a THE, foram analisadas 86 milhões de citações em periódicos científicos e 13,6 milhões de publicações. Houve um recorde de 1527 instituições de ensino que se qualificaram para o levantamento, de 93 países.

Oxford na liderança e avanço asiático

A Universidade de Oxford, no Reino Unido, se mantém líder do ranking pelo quinto ano consecutivo.

Outras duas britânicas (Cambridge e Imperial College London) e sete americanas (Caltech, Stanford, MIT, Princeton, Harvard, Yale e Universidade de Chicago) preenchem o "top 10".

Mas os organizadores do ranking apontam que, para além da liderança dessas universidades tradicionais, nota-se um significativo avanço asiático — principalmente chinês — na elite do ensino superior global.

A Ásia, pela primeira vez, teve uma universidade listada no "top 20": a Universidade de Tsinghua, na China continental.

Campus da USP - Marcos Santos/USP Imagens - Marcos Santos/USP Imagens
Campus da USP, a mais bem colocada entre as universidades brasileiras no ranking
Imagem: Marcos Santos/USP Imagens

"Isso é um indicativo de movimentos positivos mais amplos na educação superior na China continental e do restante da Ásia nos últimos anos", diz a THE em comunicado.

"Desde 2016, o país ganhou 5 posições adicionais no top 200. E duplicou sua representatividade no top 100 desde o ano passado."

No total, há 16 universidades chinesas entre as 100 melhores do mundo, um número inédito.

A Índia, por sua vez, teve um número recorde de universidades listadas no ranking: 63.

A THE lembra que as circunstâncias provocadas pela pandemia do novo coronavírus estão tendo enorme impacto sobre a educação superior global.

"Há preocupações reais de que bilhões de dólares de taxas estudantis internacionais sejam perdidas. Pode haver também deslocamentos permanentes de fluxos globais de talento acadêmico", diz em nota a organização.

"Se isso acontecer, poderemos ver o declínio ocidental acelerado, à medida que instituições de outras partes do mundo se beneficiarão em manter as mentes mais brilhantes em suas universidades locais. Isso pode marcar o início de um reequilíbrio dramático da economia do conhecimento global."