A lição das Olimpíadas para nossas escolas

Maria Alice Setubal

Maria Alice Setubal

  • Ugo Soares/UOL

    A abertura dos jogos foi um rico espetáculo para ser tratado nas salas de aula

    A abertura dos jogos foi um rico espetáculo para ser tratado nas salas de aula

Desde sexta-feira, o Brasil e o mundo não desgrudam os olhos da tevê para acompanhar o maior evento esportivo do mundo, as Olimpíadas. Na torcida, amantes das mais variadas modalidades esportivas se unem a pessoas que não acompanham cotidianamente o universo dos esportes, mas não resistem ao espírito olímpico.

As Olimpíadas oferecem grandes oportunidades para a aprendizagem e a discussão de questões atuais. Conteúdos inspirados dos jogos podem ir desde a educação física até a geografia, passando pela filosofia, pelo inglês ou até pela matemática. A abertura dos jogos, por exemplo, foi um rico espetáculo para ser tratado nas salas de aula. Assistir à abertura no Maracanã foi um momento inesquecível que guardarei na memória como um talismã, e que nos lembra o que temos de melhor na nossa cultura e jeito de fazer.

No evento, conseguimos falar de nossa história, opressões, belezas, destruições, tradições, ritmos, danças, tudo com muita alegria, cor e leveza. Falamos da importância da diversidade, das nossas diferenças e mandamos um recado sobre o aquecimento global de forma séria e consistente em meio a toda aquela festa. Mostramos ao mundo nossa brasilidade e conseguimos fazer mais com menos.

Sim, continuamos em meio a uma das maiores crises econômicas e políticas da nossa história, e as nossas desigualdades e mazelas sociais e educacionais persistem. Assim, é questionável se o custo de fazer uma Olímpiada era de fato viável e se o legado será recompensador. No entanto, o levantamento destas questões não invalida o nosso desejo e capacidade de celebrar o fato de sermos os anfitriões de uma festa global, em que o esporte manda sua mensagem de paz e união mundial. Essas contradições cabem em nosso jeito de ser e isso é parte de nossa potência.

O respeito à diversidade, a busca pelo diálogo e por saídas tanto para nossos problemas como para as crises mundiais podem ter inspirações e referências no espírito olímpico. Estes momentos são fundamentais para marcar simbologias e reforçar laços sociais, e por isso devem ser discutidas nas escolas. O esporte é uma atividade poderosa para trabalharmos valores fundamentais nesse momento que vivemos: disciplina, perseverança, projeto de vida, espírito de equipe, saber perder e saber ganhar.

E valores olímpicos e paraolímpicos como o respeito, a excelência, a igualdade, a coragem, a inspiração e a determinação deveriam ser abraçados não só por alunos, mas também por educadores e gestores. Uma escola aberta às questões do mundo contemporâneo é uma escola que traz para a sala de aula toda essa discussão com suas contradições e potências.

Maria Alice Setubal

Maria Alice Setubal, a Neca Setubal, é socióloga e educadora. Doutora em psicologia da educação, preside os conselhos do Cenpec e da Fundação Tide Setubal e pesquisa educação, desigualdades e territórios vulneráveis.

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