Aluno da Gama Filho pode perder emprego em Barcelona por falta de diploma

O formando de fisioterapia Victor Quartim Nobre, 26, tem uma oportunidade de curso e de trabalho fora do Brasil. No entanto, pode ter seus planos cancelados se não conseguir pegar o diploma na UGF (Universidade Gama Filho), descredenciada neste mês pelo MEC (Ministério da Educação). Assim como outros universitários, o rapaz terminaria sua graduação em dezembro do ano passado e não sabe quando conseguirá obter o documento oficial.

“Fui aceito para fazer um curso gratuito de uns três meses em Barcelona numa clínica especializada dentro da minha área e assim que terminasse já poderia começar a trabalhar com eles, mas agora não sei se vou conseguir ir. O curso começa em março e não sei se dará tempo de tudo se resolver”, explica Victor, que acaba de retornar de uma viagem para Espanha para resolver algumas burocracias antes de ir definitivamente.

O estudante conta ainda que, além da bolsa de estudos e do emprego, os profissionais de lá o ajudariam na validação de seu diploma brasileiro, essencial para o exercício da profissão e para o início de uma pós-graduação planejada para o segundo semestre do ano.

“Tenho medo de perder essa chance. É uma oportunidade de ouro e não sei se eles vão esperar. A clínica está precisando urgentemente de profissionais para expandir”, diz.

Último semestre

Segundo Victor, para concluir o semestre ficou faltando fazer uma avaliação e entregar o TCC (Trabalho de Conclusão de Curso).

“No meu perfil de aluno não há nenhuma nota digitada. Não posso pedir o diploma sem elas. Enviei e-mail para a reitoria há um mês e meio e até agora nenhuma resposta”, relata o rapaz. “E meu curso está 100% pago. Mesmo com a greve eu paguei todas as mensalidades. Espero que o MEC ajude a resolver logo.”

Victor faz questão de destacar que os serviços gratuitos oferecidos para a comunidade pela universidade também foram prejudicados com tudo isso. “No setor de pediatria eu atendia pacientes com graves sequelas. Sem falar dos setores de ortopedia, pneumologia, cardiologia, mastologia, uroginecologia e neurologia, que faziam um importante trabalho. Perdemos não apenas no quesito educação, mas também saúde”, conclui.

Pode perder o cargo

O estudante Leonardo Passos, 22, cursou enfermagem e tem medo de não conseguir continuar em seu trabalho. “Eu já estou com o emprego certo, mas como não tenho o diploma não consigo assumir o cargo. Eu corro o risco de perder essa vaga a qualquer momento”, explica. “O nosso problema maior são as notas que ainda não foram lançadas no sistema.”

Para Leonardo, integrante da comissão de formandos da Gama Filho e UniverCidade, muito se fala em transferência assistida, mas pouco se fala na situação dos formandos. “A gente está numa escuridão total”, diz.

O estudante de enfermagem teme partir para sua terceira transferência. Em 2009, iniciou seu curso na UniverCidade, mas em 2013 sua turma foi transferida para a Gama Filho. “Houve uma ordem de despejo no prédio da instituição [na Avenida Presidente Vargas, centro do Rio] e tivemos que sair. Não quero ir para a terceira faculdade”.

Segundo o rapaz, cerca de 2.000 alunos terminaram o curso no fim de 2013 e ainda não têm o certificado de conclusão do curso.

Quem entregou o TCC terá direito ao diploma

Representantes do MEC informaram aos alunos da Gama Filho, em reunião em Brasília, que os estudantes que entregaram e foram aprovados no TCC terão direito ao diploma. 

Os pedidos de documentação devem ser feitos pelos seguintes e-mails: contatoeletronico@univercidade.br (UniverCidade) e reitoria@ugf.br (Universidade Gama Filho).

De acordo com o MEC, a legislação não estabelece um prazo para que os diplomas sejam emitidos.