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A energia que cresce

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Imagem: Divulgação
Lucila Cano

27/01/2017 04h00

Enquanto canetadas nunca antes imaginadas desfazem importantes acordos pró-preservação do meio ambiente nos Estados Unidos, é muito bom saber que em outras partes do mundo a conscientização ambiental cresce de modo consistente.

A agência Ambiente Energia, que regularmente me envia boletins sobre as atividades de geração de energias limpas e renováveis no país e no exterior, divulgou uma nota animadora sobre relatório da petroleira britânica BP. Segundo o estudo, relativo a 2015, a energia solar é a fonte que cresce mais rápido no cenário mundial.

Naquele ano, o número de painéis solares gerou um terço a mais de eletricidade do que no ano anterior. A China, quem diria, superou os Estados Unidos e a Alemanha, posicionando-se como o maior gerador de energia solar. Em dez anos, a produção de energia solar aumentou mais de 60 vezes.

No Brasil, o boletim registra que nos últimos dois anos a energia solar cresceu cerca de 70%. Os principais motivos para tal arrancada decorrem da redução de mais de 70% no preço da energia solar nos últimos dez anos em comparação com o aumento de mais de 50% nas tarifas de energia elétrica em 2015.

Diante desses percentuais, a Associação Brasileira de Energia Solar (Absolar) prevê que a participação da energia solar na matriz energética vai passar de 0,02% em 2015 para mais de 10% em 2030.

Telhados solares

No Brasil, os telhados solares poderiam superar com folga a geração total de eletricidade, segundo a Absolar. A associação se pauta em estudo do Greenpeace sobre microgeração energética, que revela que 72% dos pesquisados de todas as classes sociais comprariam um equipamento de energia solar fotovoltaica se houvesse linhas de crédito com juros baixos.

Ainda de acordo com informação do boletim Ambiente Energia, atualmente há cerca de seis mil sistemas fotovoltaicos instalados nas residências, os quais geram cerca de 70 MW (megawatts). Essa capacidade instalada de energia é suficiente para iluminar 30 mil casas por ano, em média.

Para Rodrigo Sauaia, presidente executivo da Absolar, “o Brasil deve criar até 60 mil empregos diretos e mais 100 mil indiretos com energia solar fotovoltaica até 2020, considerando-se o mercado de leilões de energia solar e o de geração distribuída, onde se insere o segmento residencial”.

Para quem não é do ramo, vamos e venhamos, tal perspectiva de geração de empregos é bastante animadora. Por si só, trata-se também de um importante sinal de alerta para a formação de técnicos para a área de geração de energias renováveis.

25 anos

Por fim, cabe registrar um estudo da Bloomberg New Energy Finance sobre o futuro das energias renováveis, igualmente divulgado pela agência Ambiente Energia. Diz o documento que dentro de 25 anos a presença das fontes eólica e solar na matriz energética nacional superará a das fontes hidrelétricas.

O estudo considera que fatores naturais são uma das principais causas para a diminuição das hidrelétricas. Atualmente, as regiões onde ainda é possível se expandir a hidroeletricidade são de difícil acesso e implicam custos maiores de transmissão. Além disso, a crise no setor energético nos últimos anos, agravada pela seca de 2014 e 2015, tornou urgente a diversificação da matriz energética.

Desse modo, de acordo com o já mencionado relatório, em duas décadas as energias renováveis ultrapassarão fontes fósseis como o carvão e o gás natural na geração de energia, proporcionando condições para que possamos viver em um novo tempo, o da geração de energia mais limpa e de menor impacto ambiental.

Até lá, o que será dos Estados Unidos da América, o país no qual o mundo ocidental sempre se espelhou e que, hoje, desafia os princípios da sustentabilidade arduamente conquistados pelos guardiões do planeta? Quem viver verá!

* Homenagem a Engel Paschoal (7/11/1945 a 31/3/2010), jornalista e escritor, criador desta coluna.