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Renascimento - As fases do movimento e a pintura

"O nascimento de Vênus", de Sandro Botticelli, tem como tema episódio da mitologia clássica greco-romana - Reprodução
"O nascimento de Vênus", de Sandro Botticelli, tem como tema episódio da mitologia clássica greco-romana Imagem: Reprodução

Valéria Peixoto de Alencar

Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

Podem-se identificar três fases distintas no desenvolvimento do renascentismo, movimento intelectual e artístico surgido na Itália. São elas: trecentismo (anos 1300), quatrocentismo (anos 1400) e cinqüecentismo (anos 1500).

Trecentismo

No século 14, o renascentismocimento ainda estava concentrado na Itália, mais especificamente em Florença. Seus principais expoentes artísticos eram Giotto, Boccaccio e Petrarca.

As características desse momento foram a valorização do indivíduo e dos detalhes humanos e a ruptura com o imobilismo e a hierarquia da pintura medieval. Eram traços diretamente relacionados ao pensamento humanista.

Quatrocentismo

No século 15, o renascentismo estendeu-se pela península itálica e atingiu seu auge. São desse período Botticelli, Leonardo da Vinci, Rafael e Michelangelo. Suas características foram: o racionalismo, o resgate da estética greco-romana e o experimentalismo.

Quinhentismo

Último período do renascimento, em que as obras de arte atingiram seu mais elevado grau de elaboração. Espalhado por toda a Europa, no século 16, o movimento vê também sua decadência. O maneirismo, um estilo "anticlássico", e o barroco, ganham força devido à reação da Igreja.

A pintura renascentista

De um modo geral, os pintores da renascença procuravam reproduzir a realidade, sob a influência do ideal de beleza grego. O espírito clássico, a ordem e as formas simétricas são traços marcantes dessa pintura.

Podemos distinguir três grandes escolas com características próprias: a florentina, de Florença, que se caracterizou pelo racionalismo demonstrado tanto pelo predomínio da linha sobre a cor, como pelo "sfumato"; a veneziana (de Veneza), caracterizada pelo sentimento, pela emoção, o predomínio da cor sobre o desenho ou a linha; e a romana, que tenta equilibrar linha e cor, razão e sentimento.

A pintura renascentista inovou com a descoberta da perspectiva, que permite abordar o espaço e a luz de maneira realista. Além disso, a nova técnica da pintura a óleo possibilitou novas associações e graduações da cor. Por fim, o surgimento de novos suportes, como a tela e o cavalete e a imprensa, permitiram uma circulação mais fácil das obras e do pensamento.

Principais pintores

  • Giotto (1266-1337). Pintor italiano, introduziu a perspectiva na pintura. Foi considerado o precursor da pintura renascentista, o elo entre essa e a pintura medieval. A característica principal do seu trabalho é a identificação da figura de santos com seres humanos de aparência comum. Sua pintura coincide com a visão humanista que se consolidava naquele momento.
     
  • Botticelli (1444-1510). Pintor da escola florentina, nasceu e viveu em Florença. Trabalhou na decoração da Capela Sistina, em 1481. Suas obras abordavam principalmente dois temas: a antigüidade grega e o cristianismo. Em sua obra chama a atenção a leveza dos corpos esguios e desprovidos de força: eles parecem flutuar, expressando suavidade e graça.
     
  • Leonardo da Vinci (1452-1519). Maior figura da pintura renascentista, também da escola florentina, Leonardo considerava-se, em primeiro lugar, um cientista. Imaginou máquinas voadoras, estudou mecânica, geologia, ótica, hidráulica, anatomia, botânica e astronomia. Além de pintor foi desenhista, escultor, engenheiro e arquiteto.

    Seus estudos de perspectiva são considerados insuperáveis. O "sfumato", técnica de uso de tons claros e escuros, foi utilizado em suas obras com maestria.

    Seu trabalho mais conhecido, talvez a obra de arte mais reproduzida mundialmente, é a "Monalisa". Vários artistas fizeram sua releitura ao longo dos tempos, como Botero, Duchamp (mestre da arte contemporânea) e Andy Warhol, no século 20.
     
  • Ticiano (1490-1576). Foi o maior pintor da escola veneziana. Produziu obras religiosas, mitológicas e retratos utilizando cores vivas e movimentos que mais tarde serviram de base para outros artistas. Suas obras têm um grande apego à vida e à beleza feminina. A paisagem, com freqüência, é mais importante que as figuras. Ticiano foi um dos primeiros a pintar um tipo de paisagem moderna.
     
  • Rafael (1483-1520). Da escola romana, destaca-se pela delicadeza de traços, pela conciliação do paganismo com o cristianismo e pelo equilíbrio entre a linha e a cor. Conhecido como o pintor de madonas, tipos ideais de beleza feminina, suaves, muitas vezes convencionais, mas, com eminentes qualidades.

    Suas composições são expressivas na organização e na distribuição dos elementos, massas, volumes, áreas, cores e linhas. Rafael aplicou com sensibilidade os princípios matemáticos e geométricos em seus quadros.

    Michelangelo (1475-1564). Arquiteto, pintor, poeta e escultor, é difícil classificá-lo dentro das características gerais das escolas. A pedido do Papa Júlio 2, pintou o teto da Capela Sistina, dividindo-o em nove retângulos para contar a história da criação do mundo e do homem.

    As poses das figuras na capela são baseadas em famosas esculturas gregas e romanas. Por isso, uma das raríssimas imagens de Deus, senão a única na cultura ocidental, apresenta um Deus de barba branca, como seriam na antigüidade clássica Zeus e Posseidon, deuses considerados pais. Para os gregos antigos, a barba era uma insígnia de homem velho e sábio, modelo que persiste até os dias de hoje.

    Veja também

    Renascimento: valores clássicos

    Renascimento: características

    Renascimento: expansão europeia

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