China republicana (2) - Camponeses abrem caminho para a Revolução
Renato Cancian
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Nas últimas décadas que antecederam o fim do sistema imperial na China, as revoltas camponesas ampliaram-se enormemente diante da ruptura da coesão social no âmbito da aldeia. A fome, a exploração brutal e a repressão aos camponeses, que se juntavam aos movimentos de revolta e sublevação, deram origem a uma situação insustentável, que transformou a zona rural das províncias do interior da China num ambiente marcadamente violento.
Os comunistas chineses desempenharam um importante papel ao canalizarem o crescente descontentamento das massas camponesas para as tarefas revolucionárias de destruir a estrutura social existente. Desde a fundação do Partido Comunista Chinês, em 1921, os comunistas tentaram sem sucesso seguir a ortodoxia marxista, que preconizava o levante revolucionário com o apoio do proletário urbano.
Exército de Libertação Popular
O líder maximo do movimento comunista revolucionário chinês, Mao Tsé-Tung, porém, abandonou essa estratégia e conduziu a formação de um Exército de Libertação Popular, integrado, majoritariamente, por camponeses. As ofensivas militares contra os comunistas, por parte do governo de Chiang Kai-shek, continuaram, mas, em 1937, o governo central precisou enfrentar um novo inimigo: os invasores japoneses. A luta contra a ocupação japonesa fortaleceu os comunistas.
Ocupação japonesa
Em julho de 1937, o Japão atacou e ocupou parte do território da China. Os comunistas, liderados por Mao Tsé-Tung, e os nacionalistas, liderados Chiang Kai-shek, firmaram uma aliança estratégica para combater o inimigo comum. A acupação japonesa favoreceu os comunistas de dois modos: eliminou a elite rural e forjou a solidariedade entre as massas rurais oprimidas.
Primeiramente, a ocupação das províncias chinesas pelo exército invasor fez com que os funcionários do Kuomintang e os senhores rurais abandonassem o campo em direção às cidades, deixando, portanto, os camponeses entregues à própria sorte. Essa situação permitiu que os comunistas estreitassem os laços com as massas rurais. Por outro lado, as campanhas japonesas de perseguição e extermínio no campo estimularam a maior coesão das massas camponesas.
A infuência crescente dos comunistas deu origem a tendências colaboracionistas por parte dos líderes do Kuomintang que, temerosos com as possibilidades de uma revolução social, apoiaram-se nas forças invasoras e lutaram contra os comunistas. Os comunistas, porém, conseguiram maior adesão das massas camponesas com promessas de reforma agrária e com a adoção de uma nova organização política nas aldeias conquistadas. A ocupação das forças japonesas na China chegou ao fim depois da derrota do Japão na Segunda Guerra Mundial.
Guerra civil e revolução de 1949
Após a vitória sobre o invasor, tanto os comunistas como o Kuomintang tentaram ampliar a influência e controle sobre o território chinês. Ambas as forças políticas antagônicas retomaram, então, a guerra civil que tinha sido suspensa. A guerra civil foi travada entre os anos de 1946 e 1949. O Kuomintang era militarmente mais forte nas cidades, enquanto os comunistas tinham maior força nos campos. A estratégia do líder comunista Mao Tsé-Tung foi a de cercar as cidades a partir dos campos.
A vitória dos comunistas foi gradual e começou com o controle total da região norte da China, em 1948, onde está localizada a província da Manchúria, que na época era a mais importante do país, devido aos seus imensos recursos econômicos. Progressivamente, os comunistas avançaram para o restante do território chinês.
Nos dois últimos anos da guerra civil, o Kuomintang passou a enfrentar conflitos internos devido às divergências em torno da liderança das forças militares nacionalistas e também diante do enfrentamento da grave crise econômica. Esses dois fatores contribuiram decisivamente para que parcelas consideráveis das forças militares nacionalistas passassem para o lado dos comunistas.
Em 1949, os comunistas chineses finalmente conseguiram expulsar os nacionalistas para a ilha de Taiwan e proclamaram a República Popular da China. Os líderes do Kuomintang que abandonaram o território da China continental trataram de instaurar um governo ditatorial na ilha de Taiwan, contando com apoio militar dos Estados Unidos, apoio este que perdura até hoje. Até 1980, os nacionalistas mantiveram o país sob uma ditadura de partido único. A relação entre Taiwan e China é tensa, pois os comunistas consideram Taiwan uma província renegada, parte da China.