Invenção dos números (4) - O numeral alfabético dos gregos
O número semi-repetitivo dos antigos romanos foi um grande avanço para simplificar a escrita numeral. Porém, outro passo expressivo só seria dado pela civilização grega. Esse avanço talvez se deva à enorme distinção que os gregos faziam entre o trabalho manual e o intelectual.
Por outro lado, é curioso observar que, na sociedade grega, a ciência tomou um impulso sem precedentes até então, mas, simultaneamente, criaram-se conceitos que iriam servir de freio ao pensamento científico.
Tabela mostra os numerais semi-repetitivos e alfabéticos gregos
No pensamento matemático, isso significou o abandono do estudo quantitativo dos fenômenos naturais e um interesse crescente dos gregos pelos estudos das formas e relações geométricas.
O numeral alfabético
A partir do século 5 a.C., os gregos simplificaram sua notação numérica, que era semi-repetitiva. Essa notação implicava uma dificuldade para os copistas que ou omitiam ou acrescentavam caracteres em seus documentos.
O problema foi resolvido ao se introduzir algarismos especiais para 5, para 50, para 500, mais tarde, para 5.000, e assim por diante.
Com isso, os gregos foram abandonando as antigas formas gráficas de seus números e trocando-as, pouco a pouco, por letras alfabéticas. Cada letra escolhida correspondia à inicial do "nome " de um número. É o que se chamamos de princípio da acrofonia ("acro" significa alto; "fonia" significa som).
Portanto, pelo princípio da acrofonia, estava lançada a ideia de representar as quantidades sem que se fizesse nenhuma repetição. A criação do numeral alfabético, viria substituir o numeral usado na Grécia anteriormente, cujo princípio era a semi-repetição.
Esse sistema apareceu como a primeira ideia que rompia definitivamente com a correspondência biunívoca no numeral. A partir de então, cada quantidade teria de evocar no pensamento o número que representava. A contagem numeral por grupo - o símbolo não representa mais a unidade, mas sim o "grupo de unidades" - se generalizou. Surpreendentemente, a matemática grega deu um grande passo com seu numeral alfabético, mas não foi adiante.
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