Com Câmara esvaziada e bate-boca, ministro diz que mantém corte na Educação
Convocado pela Câmara de Deputados, o ministro Abraham Weintraub provocou, foi hostilizado, assistiu a parlamentares baterem boca e afirmou ontem que manterá os cortes na Educação que levaram milhares às ruas de todo o país.
Diante de um plenário esvaziado, o ministro não apresentou alternativas para o MEC (Ministério da Educação), que teve R$ 7,4 bilhões dos R$ 149 bilhões de orçamento bloqueados para 2019.
Questão econômica
Em diversos momentos, Weintraub afirmou que o contingenciamento de recursos é necessário para cumprir com a lei de responsabilidade fiscal. Ele também elogiou o ministro Paulo Guedes (Economia), a quem chamou de "um dos melhores economistas do mundo".
Sobre as finanças do MEC, Weintraub ainda disse que:
- É contra a cobrança de mensalidades em universidades públicas
- Quer acordo com a Advocacia Geral da União e com o Ministério Público para que parte de recursos recuperados de desvios da Petrobras (R$ 2,5 bilhões) sejam destinados para a educação.
O deputado Bacelar (PODE-BA) criticou a postura:
"Vá lutar pela Educação e não fique aos pés do ministro Paulo Guedes"
Animosidade
Weintraub começou a sessão com tom de voz tranquilo, mas logo trocou farpas com deputados. O clima de animosidade permaneceu ao longo das seis horas da sessão.
"Fui bancário, carteira assinada, azulzinha, não sei se vocês conhecem..."
Weintraub, insinuando que deputados nunca trabalharam.
"Eu, como presidente da mesa, me senti ofendido".
Deputado Marcos Pereira (PRB-SP).
"Quando os deputados falam, ele fica de costas, sequer acompanha."
Deputada Margarida Salomão (PT-MG).
"Ei, psiu, olha aqui. Estou te ouvindo há duas horas, agora você olha aqui. Ninguém aqui é superior a ninguém, não. O nome disso é democracia".
Deputado André Janones (Avante-MG), antes de ter o microfone cortado.
"Respeita, seu palhaço! Respeita o ministro".
Deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), contra o deputado Glauber Rocha (PSOL-RJ), que protestava contra o corte do microfone.
Não demorou para que começasse uma confusão generalizada.
O presidente da Câmara em exercício, Marcos Pereira (PRB) interrompeu a sessão após bate-boca e até empurrões no plenário.
A confusão cresceu após a deputada Taliria Perone (PSOL-RJ) descer da tribuna. Ela havia chamado Weintraub de "debochado" e "incompetente".
No Plenário, governistas repreenderam Taliria e a discussão esquentou:
"Cuspa na minha cara!"
Deputado Delegado Eder Mauro (PSD-PA) à deputada Taliria Perone
O deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) foi defender a correligionária e quase trocou agressões com Eder. Colegas e segurança tiveram que intervir.
Em meio a confusão, o deputado Pastor Sargento Isidorio (Avante-BA) ergueu a Bílblia que carrega diariamente para que a confusão cessasse.
Aos risos, alguns deputados viam a confusão e troca de xingamentos e disseram: "se cobrir vira circo, se cercar vira hospício".
Centrão diz que recado foi dado
Nos bastidores da Casa, parlamentares do 'Centrão' (que reúne siglas como PP, PR, DEM, PRB, PSD) se deram por satisfeitos com o "recado dado ao governo".
A convocação de Weintraub, anteontem, foi aprovada por 307 e rejeitada por apenas 82 -- o que demonstra ao Executivo que a base aliada não é majoritária.
Apesar das expectativas e das manifestações na rua, a movimentação na sessão ontem era visivelmente menor do que em uma quarta-feira comum.
Foi bem?
De modo geral, o Centrão poupou Weintraub de embates mais duros. Ainda assim, a atitude de Weintraub incomodou alguns.
"Esse ministro não dura mais uma semana. Achar que essas manifestações não vão crescer depois de chamar os caras de idiotas? Com esse tanto de gente nas ruas? E ainda foi arrogante na Câmara", disse uma liderança do centro.
Na linha de frente dos embates, oposicionistas reconheceram o papel desempenhado.
"A gente vai criticar, somos oposição e contra o governo Bolsonaro", disse o líder do Psol, Ivan Valente (SP).
Líder do governo no Congresso, a deputada Joice Hasselmann elogiou o andamento de Weintraub na sessão.
"O ministro deu um show e foi muito tranquilo. Veio, deu as respostas e não há a intenção de fazer nenhum tensionamento. A intenção é fazer uma grande união pelo Brasil", disse.
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