Professores escrevem a redação perfeita do Enem 2019
O tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2019 é "Democratização do acesso ao cinema no Brasil'. Professores do cursinho Descomplica sugeriram "a redação perfeita", que reflete as dimensões de avaliação do exame.
Em até 30 linhas, a redação usa como ingredientes o personagem Coringa e reflexões sobre o processo de urbanização e a concentração geográfica das salas de cinema. Como intervenção, propõe o aumento de salas de cinemas em regiões defasadas.
Para obter uma nota alta, o candidato deve seguir alguns critérios avaliados pelos organizadores da prova.
As 5 competências da redação do Enem:
Durante a correção da redação do Enem serão avaliadas 5 competências no texto. Cada uma vale 200 pontos. Para conseguir uma nota 1000 é preciso mandar bem em todas elas.
COMPETÊNCIA 1: Demonstrar domínio da norma padrão da língua escrita.
COMPETÊNCIA 2: Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo.
COMPETÊNCIA 3: Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista.
COMPETÊNCIA 4: Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários à construção da argumentação.
COMPETÊNCIA 5: Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos.
Sugestão de redação "perfeita":
Catarse seletiva
Com mais de 1,5 milhão de espectadores brasileiros, o longa-metragem "Coringa" se tornou sucesso nacional ao abordar o lado histórico e reflexivo do conhecido personagem das HQs. Apesar de recentes recordes nacionais em bilheteria, a indústria do cinema ainda é cenário para problemáticas quanto ao seu acesso, uma vez que o processo histórico de urbanização, atrelado à insuficiência de políticas públicas, corroborou empecilhos em sua democratização. Dessa forma, deve-se questionar o tema, a fim de garantir
meios para solucioná-lo.
Em primeiro lugar, é necessário destacar que o processo de urbanização acentuou a dificuldade na democratização cinematográfica. Ao passo que surgiram as grandes metrópoles, o crescimento das indústrias de entretenimento também se concentrou nos polos de maior produção socioeconômica, por meio de shoppings - centros criados para o consumo. Nesse sentido, retirado o processo catártico que existe no decorrer das cenas por relacionar tal exibição diretamente com o poder de compra, vê-se que a atualidade não
só reduziu a importância da reflexão por parte de quem assiste, como também inviabilizou o acesso de grupos sociais economicamente desfavorecidos.
Essa dificuldade com selecionados conglomerados populacionais é também relacionada à falta de investimentos governamentais para ampliação da temática. De acordo com o IBGE, até o ano de 2015 somente 10% dos municípios brasileiros possuíam ao menos uma sala de cinema, sendo esses concentrados nas regiões Sul e Sudeste. Pode-se perceber, assim, que a falta de acessibilidade geográfica auxilia para o desconhecimento de certas populações sobre o próprio cinema, tendo possibilidade somente aos filmes
apresentados em canais abertos ou em eventos específicos. Excluídos da modernização cultural, e sem respaldo de políticas públicas, o que em tese seria um mecanismo analítico de contemplação, passa a reiterar a estratificação social da atualidade.
Portanto, é possível compreender que o cinema, embora seja um meio de garantir cultura e senso crítico, ainda precisa ser democratizado para o contexto nacional. Faz-se necessário, em vista disso, que o Ministério da Cidadania, que recentemente incorporou o Ministério da Cultura em suas funções, invista no aumento de salas de cinemas em regiões defasadas, por meio de incentivos fiscais, com a finalidade de garantir interesse de empresas privadas. Ademais, as escolas devem investir em objetos multimodais para a utilização de aulas audiovisuais, de modo a contextualizar os alunos nesse recurso. Somente assim será possível realizar a democratização do acesso ao conhecimento, tornando igualitário o conhecimento dos tempos modernos.
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