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Rossieli: não há chance de rede privada retomar aulas antes de setembro

Do UOL, em São Paulo

03/07/2020 16h51

O secretário estadual de Educação de São Paulo, Rossieli Soares, afirmou hoje que não há possibilidade de a rede particular de ensino retomar as aulas presenciais antes de 8 de setembro, prazo definido pelo governo João Doria (PSDB) para o retorno das atividades escolares.

No entanto, afirmou, se nesse prazo as escolas públicas não estiverem prontas em razão de algum "problema sério", as unidades de ensino privadas poderão voltar a receber alunos.

"Não existe a possibilidade de eu dar uma autorização única para a rede privada voltar antes e não todas. Da minha parte, voltam todos juntos. Se no dia 8 de setembro não estivermos prontos e a rede estadual porventura tiver algum problema sério, a privada não tem culpa disso, aí pode voltar. Mas a regra do retorno tem que ser para todos", disse o secretário em participação na edição de hoje do UOL Entrevista.

Rossieli relatou pressão das escolas e afirmou que não é ele quem define as datas de retomada, mas os gestores estaduais de saúde pública: "Educação não é abrir um restaurante e fechar de novo, tem uma série de cuidados. A gente já falou em data [para a volta às aulas presenciais] porque o município tem que se organizar, as escolas... Durante o mês de julho, vamos aprender".

Ensino Médio poderá ter 4º ano

De acordo com o secretário, é possível que as escolas estaduais adotem um sistema de aprovação e reprovação dos alunos em conjunto entre 2020 e 2021.

"Estamos pensando esse ano quase que como um ano conjunto com o ano que vem. Não é uma questão de aprovar ou reprovar. Primeiro, a gente tem que dar oportunidade para todos. Não é justo com o estudante, com o professor, com a escola, com a família. Não é culpa deles. Temos que ter uma compreensão muito clara. Tem que ter protocolo, não dá para ser de qualquer jeito, fazer de conta que aprendeu. Temos que dar suporte, mas estará bem definido no lançamento do nosso protocolo", afirmou.

Os alunos que hoje estão no terceiro ano do Ensino Médio poderão voltar à escola em 2021 para realizar um quarto ano. "É opcional. Ele poderá optar se quiser continuar estudando, se houver vaga, porque o aluno do terceiro ano do Médio é o que a gente menos tem tempo para recuperar enquanto sistema educacional", explicou o secretário, que disse acreditar que os alunos interessados em cursar o quarto ano do Ensino Médio não terão dificuldades para conseguir vaga.

Rossieli admitiu que a volta às aulas nas escolas pode levar ao aumento de casos do novo coronavírus no estado. No entanto, ponderou que a falta de aulas é "muito danosa" para os estudantes e o risco zero de contágio só ocorrerá quando houver uma vacina para o vírus.

"Risco zero é quando tiver vacina aprovada e disponível para todo mundo, mas alguém sabe dizer quando será? Não. Agora, a experiência no mundo todo é retorno faseado, organizações nos detalhes diferentes, mas retornar. Se a gente parar para pensar o que a gente está causando por não ter aulas, é muito danoso para uma geração inteira", disse.

Ele ainda afirmou que a secretaria pode reavaliar os planos de retomada a depender das estatísticas do estado nos próximos dias. "Ninguém tem fórmula exata do que vai acontecer. Por mais que a gente olhe experiências, é um comportamento distinto em muitos aspectos. Primeiro, o que vai ditar realmente o comportamento é o comportamento da capital. Se tivermos um comportamento da capital, se a população seguir o regramento estabelecido, usar máscara, fazer distanciamento, higienizar as mãos, em todas as áreas que estão abrindo na capital e a capital se sustentar na fase amarela [do Plano São Paulo], nós teremos um bom indicativo", declarou.

Segundo o secretário, o governo fará avaliações semanais após o retorno às salas de aula: "Nós não temos quais exceções serão possíveis nesse momento. A gente tem discutido muito isso, e, se uma região pequena lá estiver no amarelo, essa avaliação a gente vai fazer semanalmente daqui até lá, não na véspera de 8 de setembro. Pode melhorar muito em julho. Aconteceu em Campinas de voltar para o vermelho, mas a gente espera que, nos ciclos, volte a melhorar".

O próprio secretário foi hospitalizado em razão da covid-19. "Acabei de sair do hospital, da UTI, passei por coisas que eu não imaginava passar, Nunca tinha ficado mais que dois dias no hospital e agora passei 16 dias indo e voltando da UTI, um susto danado. Eu não aceito fazer uma discussão que coloque em risco nossos funcionários e estudantes. A gente vai ter que voltar com restrições necessárias, protocolos, cuidados", contou.

Sucessão no MEC

Na entrevista ao UOL, o secretário paulista de Educação elogiou a possível nomeação de Renato Feder, secretário de Educação do Paraná e principal cotado para assumir o MEC (Ministério da Educação).

"É um nome bom, sim. Traz experiência de ter sido da rede, traz perfil de trazer prioridade da educação básica. A gente, secretário de estado, acha feliz, porque é um cara que está lá, no grupo de WhatsApp dos secretários, buscando, ajudando a encontrar soluções em conjunto. É um cara que viveu a pandemia como secretário de educação [do Paraná], tentando encontrar saídas, a gente conversa muito", afirmou.

"Ele é bem-intencionado e é de diálogo. Nesse momento, o MEC precisa disso. Ele tem que ter diálogo, o MEC não pode achar que faz tudo sozinho, o MEC precisa, independentemente de governo, precisa nos ajudar a liderar esses aspectos e num momento de uma crise imensa. Quando ele sentar lá no MEC, desejo muita sorte, porque a crise financeira será muito forte. Atender o ensino superior. As universidades terão muita dificuldade com orçamento."