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Guedes: Fies levou até para filho de porteiro para universidade, diz jornal

O ministro da Economia, Paulo Guedes, foi gravado em reunião do Consu (Conselho de Saúde Suplementar) - Wallace Martins/Futura Press/Estadão Conteúdo
O ministro da Economia, Paulo Guedes, foi gravado em reunião do Consu (Conselho de Saúde Suplementar) Imagem: Wallace Martins/Futura Press/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

29/04/2021 22h18

O ministro da Economia, Paulo Guedes, reclamou sobre o Fies, programa do governo federal que dá financiamento para estudantes cursarem o ensino superior, e disse que a iniciativa foi um "desastre" que enriqueceu meia dúzia de empresários. Guedes afirmou que o Fies levou até filho de porteiro que zerou o vestibular para a universidade.

Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, sem mostrar provas, Guedes disse que até quem "não tinha a menor capacidade" e "não sabia ler nem escrever" acessou a graduação por meio do Fies. Para exemplificar, o ministro disse que o filho do seu porteiro foi beneficiado mesmo tendo zerado a prova do vestibular.

"O porteiro do meu prédio, uma vez, virou para mim e falou assim: 'Seu Paulo, eu estou muito preocupado'. O que houve? 'Meu filho passou na universidade privada'. Ué, mas está triste por quê? 'Ele tirou zero na prova. Tirou zero em todas as provas e eu recebi um negócio dizendo: parabéns, seu filho tirou...' Aí tinha um espaço para preencher, colocava 'zero'. Seu filho tirou zero. E acaba de se endereçar a nossa escola, estamos muito felizes", disse Guedes."

A fala foi feita em uma reunião do Consu (Conselho de Saúde Suplementar) na última terça-feira (27) e foi registrada em uma gravação da qual o ministro não tinha conhecimento, que foi obtida pelo Estadão.

Os ministros da Saúde, Marcelo Queiroga, da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos e da Justiça, Anderson Torres, também estavam no encontro, que contava ainda com a participação de representantes do MPF (Ministério Público Federal) e da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).

Os ataques de Guedes ao Fies aconteceram enquanto ele defendia que a iniciativa privada é mais eficiente do que o poder público. Ele usou o programa para argumentar que é preciso ter cautela ao usar dinheiro público para subsidiar acesso ao serviço privado. "Foi de um extremo ao outro", disse.

Depois de cerca de 40 minutos de reunião, o ministro Queiroga informou aos outros que o encontro estava sendo gravado. "Só não manda para o ar, por favor", respondeu Paulo Guedes.

Foi nesta mesma reunião que o ministro da Economia falou que os chineses "inventaram" o novo coronavírus e fizeram vacinas menos eficazes do que os Estados Unidos e que o ministro Luiz Eduardo Ramos disse que se vacinou "escondido". Posteriormente, Guedes se justificou pela fala sobre a China e negou ter tentado passar despercebido pela vacinação.