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Clube dos gênios: Com 140 de QI, brasileiro de 8 anos entra para a Mensa

Gustavo, de 8 anos, é apaixonado por música e tecnologia - Arquivo Pessoal
Gustavo, de 8 anos, é apaixonado por música e tecnologia Imagem: Arquivo Pessoal

Simone Machado

Colaboração para o UOL, em São José do Rio Preto (SP)

04/11/2021 04h00Atualizada em 04/11/2021 13h46

Com apenas 8 anos, o pequeno Gustavo Saldanha se tornou o brasileiro mais novo a fazer parte da Mensa - maior e mais antiga sociedade de alto quociente de inteligência (QI) do mundo. O menino, que mora em São Paulo, tem um QI de 140, ficando acima da média, que gira em torno de 100.

O novo integrante do seleto "clube dos gênios" é apaixonado por música e toca sete instrumentos - violão, guitarra, teclado, ukulele, baixo, bateria e gaita. Além de gostar de tecnologia e ter facilidade em instalar sistemas operacionais em computadores.

A mãe de Gustavo, Luciane Saldanha, conta que percebeu que o filho tinha interesses diferentes de outras crianças quando ele ainda era bebê, mas afirma que não imaginava que aqueles sinais poderiam indicar que o menino tivesse uma inteligência acima do normal.

Quando bebê percebíamos que quando ele se concentrava em algo, era difícil fazê-lo perder a atenção. Já maiorzinho, na brinquedoteca, enquanto as crianças brincavam com os mais variados brinquedos ele se interessava por aparelhos eletrônicos como o interfone, o DVD e a televisão. Ele até brincava como as outras crianças, mas era pelos eletrônicos que ele se interessava mais.
Luciene Saldanha

Ela conta ainda que o filho demorou a aprender a falar e só começou a pronunciar as primeiras palavras aos três anos. No entanto, aos cinco, a família notou que ele tinha facilidades não convencionais às crianças da idade dele, como decorar músicas em inglês sem conhecer o idioma.

"Na escolinha, a professora ensaiou a turma para cantar cinco músicas dos Beatles e o Gustavo aprendeu com muita facilidade, sem saber falar inglês. Depois da apresentação, ele continuou demonstrando interesse pelo grupo e começou a pesquisar e ouvir músicas deles, na internet", lembra.

O interesse por música fez a família dar instrumentos musicais para o garoto e matriculá-lo na aula de violão e guitarra. Aos seis anos, Gustavo gravou seu primeiro álbum, com 14 músicas dos Beatles — também foi convidado para se apresentar com bandas cover do grupo inglês e criou um canal no YouTube, em que posta vídeos tocando.

Pandemia revelou paixão

A chegada da pandemia, o isolamento social e as aulas remotas despertaram no pequeno gênio uma nova paixão: a tecnologia.

As aulas virtuais e o contato diário com o computador e o celular fizeram com que o menino passasse a se interessar pelos sistemas operacionais de computadores e pelos aplicativos de reuniões e transmissões on-line. Durante esse período, ele passou a auxiliar os professores nas aulas remotas e também a dar aulas para os avós.

"Ele se desenvolveu muito no assunto e começou a juntar os professores quando eles tinham dificuldade em algum desses aplicativos de reunião. Isso chamou a nossa atenção, por ser uma segunda coisa que ele estava se dedicando muito e tendo facilidade. Ele começou a mudar aparência de sistemas operacionais, transformando o Windows 10 em Apple, criou uma escola virtual para os avós e, todo final de semana, dava aulas para eles utilizando os recursos usados nas aulas remotas da escola".

A facilidade e a velocidade de aprendizado do garoto fizeram com que os pais do menino procurassem um centro de apoio a crianças com desenvolvimento intelectual acelerado, na capital paulista.

Após uma semana de testes e avaliações, os especialistas constataram que Gustavo tinha um QI acima da média, alcançando 99 de percentil de acertos no WAIS III, - avaliação de inteligência conceituada e conhecida em todo o mundo.

A Mensa Brasil aceita apenas pessoas com mais de 17 anos, então, recomendei aos pais do Gustavo que candidatassem o filho à Mensa International, onde ele foi aceito. Agora, ele vai ter apoio para se desenvolver ainda mais. No Brasil, essas questões de QI não são muito valorizadas, mas no exterior, têm um valor enorme.
Fabiano de Abreu, neurocientista e membro da Mensa

Clube dos gênios

Para se qualificar à Mensa, os candidatos devem ser aprovados em um teste de inteligência e obter uma pontuação igual ou superior a 98% da prova. Aprovado, Gustavo poderá participar de encontros com crianças e adultos que tenham interesses parecidos com os dele, além de conseguir bolsas de estudos em escolas e universidades da Europa e Estados Unidos.

"Ao apresentar o teste ele pode conseguir bolsa nas melhores escolas e universidades do mundo. Fazer graduação, pós-graduação e doutorado, tudo de graça", acrescenta Abreu.

Até então, a brasileira mais nova a fazer parte do seleto "clube dos gênios" era Laura Büchele, de 9 anos, que tem QI de 139. Atualmente, a menina mora com os pais nos Estados Unidos, onde estuda e busca aprimorar seus conhecimentos.