Complexo, desafiador, amplo: o que alunos acharam da redação no Enem
Alunos viram o tema da redação deste ano do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) como "complexo", "desafiador", "tranquilo" e "pouco abordado".
"Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil" foi o assunto escolhido para os participantes escreverem um texto em prosa, do tipo dissertativo-argumentativo, com uma proposta de intervenção a um problema apresentado. Além da redação, os participantes respondem hoje perguntas das provas de linguagens e ciências humanas.
O estudante Arthur Mello, 19, foi um dos primeiros a sair do campus da Univali em Balneário Camboriú (SC). Para ele, que quer cursar nutrição, o tema da redação foi "complexo". "Foi diferente em relação a outros anos."
Já Felipe Fonseca Macedo, 17, deixou rapidamente a sala na Unip da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo.
Segundo ele, apesar de ter feito apenas 50% das questões, a prova foi mais fácil do que a da edição passada. "Facilitaram neste ano, porque quem é de escola pública, como eu, não conseguiu estudar por causa da covid igual quem é da particular", diz.
Considerou o tema da redação desafiador. "Eu não estava esperando e acho que não fui muito bem, não."
Muitos estudantes ouvidos dizem que a dificuldade do tema foi nunca terem estudado sobre o assunto.
Maharishy Feitosa Gomes, 28, já tinha feito Enem "algumas vezes". Faz agora novamente para reingressar no curso de meteorologia, da Ufal (Universidade Federal de Alagoas).
"A prova foi boa para quem estudou. Só a redação achei complicada, porque é um assunto sobre o qual nunca tinha parado para pensar", diz, citando que a prova de ciências humanas foi a mais difícil. "As questões estavam bem escorregadias."
Ele diz que uma delas tratou sobre o suicídio de Getúlio Vargas. "Perguntou como o país ficou depois. Eu realmente esperava que caísse mais sobre a ditadura, depois de tudo o que ouvimos do governo."
'Meus amigos passaram por isso'
Lucas Guimarães, 19, estudante de escola pública no Rio de Janeiro, contou ao UOL que usou a experiência de amigos para desenvolver o tema da redação do Enem.
"Foi a parte mais fácil, pois tenho amigos que passarem por esse caminho, então foi um assunto bem familiar para mim."
Ele espera ser aprovado no curso de biologia e relatou dificuldades para se preparar para o seu primeiro Enem.
"Minha escola retomou o ensino presencial somente há dois meses. Antes, não conseguia acompanhar. Não tenho computador e estava sem celular."
'Achei que seria mais difícil', diz aluna
Gabriel de Mello Koch, 20, faz o Enem pela segunda vez e diz que o assunto foi mais fácil de ser desenvolvido em relação à prova de 2019, sobre democratização do cinema.
"Achei mais fácil neste ano", avalia o participante, que pretende cursar arquitetura ou engenharia civil, ao deixar o campus da Univali em Balneário Camboriú (SC).
A primeira candidata a sair do Colégio Augusto Maia, em Itaquera, zona leste de São Paulo, achou o tema da redação fácil.
"Foi algo que eu estudei e que não é complexo e controverso. Achei que seria mais difícil", conta Thais Silva, 24. No ano passado, adiou o sonho de tentar entrar no curso de arquitetura devido à pandemia. "Eu nem tentei. Sabia que não estava preparada."
Já Martha Silva Lima, 20, faz Enem pela terceira vez e tenta biomedicina. "A prova foi tranquila, gostei do tema da redação. Nesta semana mesmo eu estava olhando sobre temas relacionados. Foi a prova de que mais gostei", conta.
A questão que mais marcou a jovem foi sobre como escravos eram obrigados a carregarem as fezes dos seus donos no período da escravatura.
"Essa me tocou, pela imagem que colocaram, deles levando na cabeça para despejar no rio, no mar. Não eram só escravos, mas pessoas de menos condições", explica.
Rogério Costa, 21, se preparou estudando online e quer cursar ciências da computação.
"A prova estava muito boa, dava para entender bastante. A redação foi o que mais chamou a atenção porque foi um tema muito interessante, de um assunto muito pouco abordado. A gente não vê falar sobre os milhões de pessoas que não têm registro. E era um assunto muito amplo, bom de desenvolver."
Os primeiros candidatos a deixarem o Enem, na PUC Rio, na zona sul da cidade, avaliaram o tema da redação deste ano como "mais simples" em relação à última edição do exame.
O estudante Antonio Miguel, 18, que pretende cursar ciência da computação, avalia que o Inep deu um tema mais fácil na redação e dificultou os demais conteúdos.
"Linguagens para mim foi a parte mais difícil da prova. Já a redacao achei tranquila, consegui desenvolver bem", avaliou o estudante.
Alan Freire, 19, que deseja cursar design gráfico, também avaliou positivamente o tema.
"Achei o tema mediano, consegui desenvolver. Já a prova achei boa para quem se dedicou", diz.
Em Manaus, Francisco da Cruz, 17, fez a prova "mais difícil da vida" dele e ainda sem óculos, porque, na afobação para não perder a hora, os esqueceu em casa. "É para descanso. Mas fez falta".
Ele achou a prova muito extensa. Disse que os textos de interpretação eram muito longos. "Me perdia toda hora. Voltava a ler de novo para focar novamente."
Professores veem tema como tranquilo e de relevância
De acordo com o professor Thiago Braga, que leciona língua portuguesa no Sistema de Ensino pH, os alunos não terão problemas com o tema e já devem estar preparados para discutir assuntos como esse. "É um tema bastante importante dentro do padrão do Enem, um tema considerado tranquilo para os alunos", afirma.
Para Maria Aparecida Custódio, professora do Laboratório de Redação do Objetivo, esse é um tema de extrema relevância "uma vez que no Brasil existem pelo menos 3 milhões de pessoas sem certidão de nascimento".
A prova vai até as 19h. No próximo domingo (28), é a vez de ciências biológicas e matemática.
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