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Filho de ex-jogador da seleção fica entre melhores do Sisu e fará medicina na UFMG

Pedro Henrique Torres Menezes, 18, teve a quinta maior nota no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2013 e ingressou no curso de medicina da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais)  - Carlos Eduardo Cherem/UOL
Pedro Henrique Torres Menezes, 18, teve a quinta maior nota no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2013 e ingressou no curso de medicina da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) Imagem: Carlos Eduardo Cherem/UOL

Carlos Eduardo Cherem

Do UOL, em Belo Horizonte

01/02/2014 06h00Atualizada em 01/02/2014 08h11

Filho do ex-jogador da seleção brasileira Douglas, o estudante Pedro Henrique Torres Menezes, 18, conseguiu destaque longe das quadras. Com 855,1 pontos, Pedro alcançou a quinta maior média do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) no Sisu, e conquistou o segundo lugar em medicina na UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), onde começará a estudar na próxima segunda (3).

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Com três anos, ele já lia. Hoje, o aluno fala e escreve em três idiomas estrangeiros: inglês, espanhol e francês. Enquanto “descansa” antes das aulas, o garoto, que mora em Belo Horizonte, está relendo, no original em inglês, os três volumes do livro O Senhor dos Anéis (J. R. R. Tolkien), que havia lido em português. “Não fico sem ler. Nem nas férias. Tenho uma lista enorme de livros, que vou ler, para decidir qual vai ser o próximo”, afirma. 

Filho do ex-jogador da seleção brasileira de futebol e ex-capitão do Cruzeiro Willian Douglas Humia Menezes e da fazendeira Ivanisa Garcia Torres Menezes, o estudante inicia a entrevista à reportagem do UOL explicando quem é seu pai. “Eu sou filho do Douglas do Cruzeiro, que jogou na seleção. Sabe?”.

Após lembrar que o pai jogou no Cruzeiro dos 11 aos 32 anos, com um pequeno intervalo de cinco anos quando atuou no Sporting, de Lisboa. Foi capitão do time mineiro nas décadas de 1980 e 1990, conquistando diversos campeonatos mineiros, a Copa Libertadores, de 1992, e a Copa Brasil, de 1993, no time celeste. Além de ter atuado na Seleção Brasileira nas Copas América, de 1983 e 1987, e nos Jogos Pan-Americanos, de 1987, e explicar também que o ex-atleta aposentou-se em 1995, ano em que ele nasceu, o garoto resolve falar de si.

“Acho que são os livros. Sempre li muito. Muito mesmo”, afirma Pedro Menezes. “Perna de pau” confesso, ele explica que sempre foi incentivado pelos pais a estudar e ler bastante. A mãe era responsável por orientar os estudos do garoto em casa. O pai, por sua vez, não o incentivava a seguir a carreira de atleta e cobrava estudos. “Não sei se ele viu que eu era meio ruim de bola. Mas quando alguém perguntava se eu era bom jogador também, meu pai sempre respondia que eu era é “bom de escola”, diz.

Média de quatro livros por mês

Ávido por livros desde que começou a “decorar” as histórias infantis que eram contadas pela sua babá Sílvia dos Reis, antes de aprender a ler aos três anos, e escrever aos cinco anos, Pedro Menezes considera a leitura de livros “a maior diversão”.

“Gosto muito de ler. É claro que me dediquei mais aos estudos no último ano, mas acho que estudo um período normal. Foram os livros, mesmo, que me ajudaram. A sabedoria está nos livros. Os argumentos estão nos livros. Neles, percebemos o mundo”, afirma.

Aluno do Colégio Bernoulli (segunda colocação no Enem em 2012) de Belo Horizonte, ele frequentou ano passado as aulas de segunda-feira a sábado, de 7h às 12h40. Estudou em casa, entre segunda-feira e quinta-feira, entre 14h e 19h, “mais ou menos”. No período da tarde das sextas-feiras e sábados, fez as provas simuladas do vestibular na escola.

'Vida normal'

“Tenho facebook e twitter. Vou a festas, faço esportes, gosto de jogos eletrônicos, vou a barzinhos e namoro. Tudo normal”.    

Sua única irmã, Marcella Menezes, 23, forma-se este ano em medicina na UFSJ (Universidade Federal de São João Del Rei), em Minas Gerais. “Ela pode ter me influenciado na questão dos estudos. Mas acho que não teve influência na escolha que fiz por medicina”, afirma.

Ele explica que, como os pais se mudaram para Bambuí, há três anos, ele morou nos dois primeiros anos do ensino médio, na casa dos avós maternos, Eni Garcia e Antero Torres, mas no terceiro ano mudou-se para um apartamento próximo ao Colégio Bernoulli. “Isso ajudou muito. A gente fica mais independente nos horários”.

Amigos, amigos, vestibular à parte

Pedro Menezes, quinto lugar no Sisu e segundo lugar em medicina da UFMG, acha “engraçado e muita coincidência” o fato de ter sido colega de sala aula de Mariana Drummond Martins Lima, (primeiro lugar geral no Sisu, com média de 858,5, e primeiro lugar em medicina na UFMG), no ensino médio do Colégio Bernoulli, e de Bernardo Bahia Monteiro, (segundo lugar geral no Sisu, com média de 858,3, e primeiro lugar em engenharia aeroespacial da UFMG), no ensino fundamental do Colégio Loyola, também em Belo Horizonte.

“Ih, o Bernardo (Monteiro) vai fazer engenharia aeroespacial. Ele sempre foi fascinado por aviões. Eu ia muito na sua casa, após as aulas. Seu pai brincava com a gente com os joguinhos de simuladores de vôos. (...) A Mariana (Lima) eu sabia que ia passar. Não tinha dúvida nenhuma. Entrava na sala de aula e ela já estava lá, sentada, quieta, com uma calculadora e um livro na frente, concentrada. Ela é muito tímida”, diz o estudante.

“Não tem segredo para estudar. O mais importante, até mais do que estudar em casa, é prestar atenção no professor em sala de aula. Você não pode conversar ou ficar desatento. E esquecer se está triste ou com algum problema”.
“A mente está em branco. O professor dá o empurrão inicial na matéria. Em casa, temos de lapidar esse conhecimento. É só isso”, afirma.

“A estrutura da escola é muito boa. Isso ajudou muito. São 32 professores de plantão, de todas as disciplinas, à disposição dos alunos, o tempo todo. Eu abusei disso”.