Aos 74 anos, aposentada realiza o sonho de aprender a ler e a escrever
“Aprender a ler, escrever e frequentar uma sala de aula”. Esse sempre foi o sonho de dona Alezina Costa Marques. Sonho que a moradora de Itupeva (a 76 quilômetros de São Paulo) só está concretizando agora, aos 74 anos, depois de adiá-lo várias vezes, por motivos diversos.
“Hoje, eu sou uma pessoa feliz. Ah, como eu gosto de estudar! Pra mim, é um divertimento, uma distração. Não tem coisa mais maravilhosa do que ir pra escola”, afirmou a aposentada.
Na infância, o desejo teve de ficar de lado porque o pai de dona Alezina era muito rígido e a proibiu de frequentar as salas de aula. “Eu chorava quando via as outras crianças indo pra escola. Mas meu pai dizia que minha escola era trabalhar e me levava pra roça todos os dias”.
Dona Alezina cresceu, se casou e vieram os filhos: Aparecido, 46, Lindrasi, 42, e Elisa, 40, que viraram sua prioridade. “Como eu não pude ir pra escola, fiz questão que meus filhos fossem. Sempre incentivei e lutei pra que eles estudassem”, disse.
E conseguiu. Aparecido se formou num curso técnico de mecânica. Lindrasi está terminando a faculdade de fisioterapia e Elisa é formada em biologia.
Depois de incentivar os filhos, Alezina teve de se dedicar ao marido, que sofreu um AVC (Acidente Vascular Cerebral) e precisou dos cuidados intensivos por dois anos, até que veio a falecer.
Após a morte do pai, as filhas de Dona Alezina, que moram com ela, passaram a incentivar a mãe a estudar. “Ela abriu mão da vida dela por nós. Hoje, nós é que a incentivamos a realizar esse sonho. É muito bom vê-la tão feliz”, disse Elisa.
Há dois anos, dona Alezina faz parte do EJA (Educação de Jovens e Adultos), na Escola Municipal Victória Cômodo Raymundo Fernandes, em Itupeva, onde, além do português, ela aprende matemática e computação.
Mas o aprendizado não para na sala de aula. A filha Lindrasi dita frases novas todos os dias para que ela treine a escrita em uma lousa que fica na cozinha da casa delas.
"Minha irmã ajuda minha mãe a memorizar. Ela passa a frase e ela escreve. É muito bom retribuir de alguma maneira o que ela fez por nós. É muito bom vê-la realizando esse sonho de infância”, comentou a filha Elisa.
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