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Bailarina brasileira desiste do Bolshoi para fazer engenharia no MIT (EUA)

A bailarina Luana estudará engenharia elétrica no MIT - Arquivo pessoal
A bailarina Luana estudará engenharia elétrica no MIT Imagem: Arquivo pessoal

Bruna Souza Cruz

Do UOL, em São Paulo

20/03/2014 05h00Atualizada em 20/03/2014 10h26

A bailarina mineira Luana Lopes Lara, 17, aguarda ansiosamente o próximo mês. Em abril, a jovem vai conhecer a universidade em que estudará pelos próximos quatro anos a partir de agosto: o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos.

A estudante soube da notícia na última sexta-feira (14) e já se decidiu. Vai deixar a Escola do Teatro Bolshoi, em Joinville (SC), onde mora e estuda há três anos, para se dedicar ao curso de engenharia elétrica em uma das instituições mais conceituadas e concorridas do mundo.

“Eu sempre amei dançar e, por vezes, cheguei a pensar em ser bailarina profissional, mas também sempre quis estudar numa universidade de engenharia e fazer algo que pudesse mudar o mundo e ajudar as pessoas”, disse Luana, que recebeu a notícia de sua aprovação em Salzburgo, na Áustria, onde apresenta "O Lago dos Cisnes" com os integrantes brasileiros do balé russo Bolshoi.

“Nossa, eu estava ansiosa na sala da minha casa esperando [o resultado]. Daí li metade da carta de aprovação e já sai gritando. Comecei a chorar, abracei minhas amigas e liguei pros meus pais”, relembra.

A estudante recebeu uma bolsa de 20% e tentará mais um auxílio da Fundação Estudar, instituição sem fins lucrativos que apoia a formação de jovens brasileiros. Segundo ela, o gasto anual do curso é de cerca de 63 mil dólares.

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Luana soma em seu currículo uma série de títulos, como medalhas de ouro e bronze na Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (2013) e na Olimpíada de Matemática de Santa Catarina (2012), respectivamente; prêmios de melhor aluna de seu colégio em Joinville; e melhor nota no curso escola avançada de engenharia mecatrônica da USP (Universidade de São Paulo).

O bom desempenho escolar da jovem é resultado de pouquíssimas horas de sono. “Meus pais ficavam super preocupados. Me mandavam dormir”, conta.

Em geral, das 7h20 às 12h30, a jovem fazia o ensino médio em uma escola particular focada nas áreas de ciência e tecnologia. Por volta de 13h15 ela chegava na sede do Bolshoi e saia de lá só às 19h45. Apesar do cansaço, a estudante tentava aproveitar todos os momentos livres durante a semana para estudar. Assim, conseguiria ter tempo livre nos finais de semana para sair com os amigos, ir ao cinema, assistir televisão.

Na época do vestibular, a estudante não focou muito na preparação para as provas brasileiras. Preferiu estudar para os exames de conhecimentos gerais SAT (Scholastic Aptitude Test) e para o de proficiência em inglês Toefl (Test of English as a Foreign Language), ambos exigidos pelas universidades norte-americanas.

“Desde pequena eu sonhava em estudar fora, mas foi depois de visitar minha irmã no campus da North Carolina State University [a irmã passou um ano estudando lá por meio do programa Ciência sem Fronteiras] que decidi que era isso que eu queria”, explica.

Em todo caso, decidiu fazer o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e conseguiu pontuação suficiente para estudar engenharia elétrica na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

Para ela, a paixão pelo balé e pela engenharia provavelmente ajudou no processo de aceite do MIT. “Acho que o maior diferencial foi eu ser uma menina que dança balé e quer fazer engenharia [risos]”, brinca.

Com base em suas duas paixões, Luana pretende se especializar na área de robótica e deseja usar o que aprendeu com o balé para desenvolver movimentos robóticos mais orgânicos.

Mesmo tendo que deixar a escola do Bolshoi, ela faz questão de dizer que pretende continuar dançando. “Vou fazer aula no campus ou em alguma escola próxima”, destaca. “Quero que agosto chegue logo! Acho que vai ser bem difícil [no começo] e vou estranhar um pouco, mas acho que depois de um tempo vou conseguir acompanhar.”

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