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Aluna de medicina cria projeto para aproximar alunos da pesquisa

Kawoana na Intel ISEF 2011 (Feira Internacional de Ciência e Engenharia) - Arquivo pessoal
Kawoana na Intel ISEF 2011 (Feira Internacional de Ciência e Engenharia) Imagem: Arquivo pessoal

Bruna Souza Cruz

Do UOL, em São Paulo

30/09/2016 06h00

Desde o ensino médio, o universo científico atrai Kawoana Vianna, 24, estudante de medicina da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul). A paixão foi tão grande na adolescência que a jovem, premiada em eventos nacionais e internacionais, desenvolveu um projeto para estimular estudantes do ensino médio a se aproximarem da ciência.

“Ouvimos muito falar em pesquisa na universidade e não muito no ensino médio ou técnico. Fiz curso técnico em química [na Fundação Escola Técnica Liberato Salzano Vieira da Cunha] e lá pude aprender muito sobre pesquisa científica. Por isso, criei o Cientista Beta", explica Kawoana.

"Quero levar a experiência que tive para os estudantes mais jovens, mostrar que eles são capazes e dar uma base para que eles realizem suas pesquisas”, acrescenta a jovem, que ganhou o 4º lugar na feira internacional Intel ISEF 2011 (Feira Internacional de Ciência e Engenharia, em tradução livre), na categoria medicina e ciências da saúde.

Seu projeto na época foi a criação de uma meia que evita a proliferação de bactérias e fungos e melhora a cicatrização de lesões e amputações em pacientes diabéticos.

“Mais do que falar, queremos que os jovens façam mesmo ciência, coloquem na prática. Minha trajetória foi modificada pela pesquisa, abriu portas. Ao fazer projeto científico, o estudante desenvolve um papel maior na sociedade, cria soluções, é estimulado a resolver um problema de forma protagonista”, ressalta a universitária, que recebeu apoio da Fundação Estudar, instituição que concede bolsas de estudos e orientação de carreira para jovens estudantes de destaque nacional.

Guia para os alunos

Em outubro, o Cientista Beta completa um ano e todo o trabalho acontece de forma voluntária. Ao todo, 25 projetos têm recebido ajuda dos chamados mentores, universitários, mestrandos, doutorandos e pós-doutorandos que se colocaram à disposição para ajudar os jovens pesquisadores.

João e Letícia - Cientista Beta  - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
João e Letícia têm ajuda dos mentores
Imagem: Arquivo pessoal
“Os mentores aconselham, ajudam na parte burocrática das pesquisas, incentivam. Eles são como guias para os estudantes do ensino médio [ou técnico]”, afirma Kawoana. 

Segundo ela, 45 alunos recebem atualmente a monitoria. Entre os projetos, estão os dos alunos Luiz Serravalle e Dani Pereira (Fortaleza – CE). Eles criaram um dispositivo eletrônico que ajuda as pessoas a economizarem água por meio de um aplicativo.

Outra pesquisa, feita por Letícia Pereira de Souza e João Gabriel Antunes, envolve um método de purificação da água com o uso da semente de uma planta, chamada moringa. A ideia surgiu após o desastre ambiental de Mariana e o projeto foi reconhecido com o 1º lugar em Impacto na Comunidade no Google Science Fair.

Como a pesquisa pode fazer a diferença?

Para comemorar o primeiro aniversário e aproximar os pesquisadores espalhados pelo Brasil, os voluntários do projeto estão organizando um encontro nacional para reunir estudantes, cientistas, parceiros e empreendedores.

“Os jovens podem chegar, contar seus projetos, compartilhar desafios. O foco será mesmo discutir como a pesquisa pode fazer diferença na sociedade”, conta Kawoana.

O evento é gratuito e está previsto para acontecer nos dias 19 e 20 de novembro, em São Paulo. Alunos do ensino médio/técnico que não fazem parte do programa de mentoria também podem participar.

Apesar de não custar nada, os organizadores pedem doações – por meio de uma vaquinha virtual – para ajudar os participantes que não podem arcar com os custos das passagens e da estadia.

“Sabemos que muitos deles não têm dinheiro para essas viagens. Alguns não têm nem para as próprias pesquisas. Mas seria importante se eles pudessem participar do nosso encontro”, explica a jovem.

“Muitos estudantes pelo Brasil têm um potencial enorme e não sabem disso. Nós queremos ajudá-los a descobrirem que são capazes”, conclui.