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Turismo sustentável

Lucila Cano

17/03/2017 04h00

Ao final de 2016, a Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou 2017 como o Ano Internacional do Turismo Sustentável para o Desenvolvimento. Mais do que um incentivo à aproximação entre os povos do planeta e à preservação da cultura de diversas civilizações, o tema inspira outras leituras.

O turismo é um dos setores que mais cria empregos em todo o mundo, e em dois níveis: os diretos e os indiretos. Em uma fase do desenvolvimento na qual a automação substitui a mão de obra tradicional e o homem ainda se perde, sem enxergar novas e mais criativas possibilidades de trabalho à sua frente, a constatação é bem-vinda.

Mas, além da perspectiva de ampliar as oportunidades de trabalho, as muitas atividades da indústria do turismo estão ligadas a quase todos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, em vigor até 2030.

Os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) são um guia de responsabilidade para as nações filiadas à ONU e para as pessoas que, em qualquer parte do mundo, têm consciência do seu papel em defesa da vida e da qualidade do ambiente em que ela se desenvolve.

Uma relação importante

Se atentarmos para o objetivo que propõe “promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todos”, temos aí uma orientação não só para o turismo, mas para todos os setores produtivos. No entanto, é no turismo que identificamos uma preocupação crescente com a destinação de resíduos, a recuperação de áreas degradadas e o acesso a postos de trabalho de pessoas de todas as raças e credos.

Dois outros objetivos também estão estreitamente ligados a uma mudança de comportamento de quem trabalha no setor e de quem usufrui os seus serviços, seja a trabalho, seja a lazer. São eles: “conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável” e “proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade”.

Ao ler de um só fôlego tantos deveres, a missão soa improvável de sucesso. Pode até ser, mas, se cada um de nós fizer uma pequena parte --a sua parte como cidadão-- os oceanos, as florestas e a biodiversidade poderão nos retribuir com beleza, ar puro, alimentos saudáveis, mais saúde e mais vida.

Não deixar uma trilha de lixo pelas trilhas que levam a lugares que precisam ser preservados ou, então, não tirar da natureza plantas e pequenos animais que contribuem para o equilíbrio do meio ambiente são gestos simples e possíveis para qualquer pessoa.

Outro aspecto importante em relação ao turismo e que está ressaltado em mais de um dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável é o respeito às culturas locais. Pequenos produtores e artesãos criam maravilhas e fomentam a economia. Essa parcela da população mundial, porque essa não é uma questão só nossa, precisa ser respeitada, por seu saber adquirido e passado de geração a geração, e incentivada.

Procure saber

Quando possível, tire um tempo para conhecer melhor os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Eles estão relacionados com tudo o que acontece na nossa vida e podem nos ajudar a mudar alguns hábitos. Antes de sair de viagem, além de programar os passeios e se informar sobre as atrações turísticas do lugar que for visitar, procure saber um pouco mais do povo e da cultura local.

O turismo tem tudo para ser o setor da sustentabilidade, com uma economia vibrante, pessoas e meio ambiente respeitados. Depende, é claro, de empresas conscientes da responsabilidade do negócio em que atuam e de governos que trabalhem para abrir fronteiras, não só as geográficas. A nós, que usufruímos as riquezas de um mundo reveladas pelo turismo, cabe cuidar, sempre.

* Homenagem a Engel Paschoal (7/11/1945 a 31/3/2010), jornalista e escritor, criador desta coluna.