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Sertão nordestino - Características da região

Caatinga - Sérgio Pedreira/Folhapress
Caatinga Imagem: Sérgio Pedreira/Folhapress

Da Página 3 Pedagogia & Comunicação

(Atualização em 11/12/2013, às 17h16)

Geograficamente, pode-se dizer que o Nordeste se divide em três zonas características:

  • a zona da mata, no litoral, onde as chuvas são abundantes e as terras férteis, nas quais se desenvolveu, desde o início da colonização, a cultura da cana de açúcar;
  • o agreste, uma área de transição, de vegetação mais pobre, onde se desenvolveu basicamente a cultura de milho, arroz e feijão, para o abastecimento dos engenhos de açúcar da região anterior;
  • Finalmente, o sertão, marcado pelo clima semiárido e pela caatinga, um tipo de mata rala, formada essencialmente por arbustos espinhentos e plantas cactáceas, capazes de armazenar água por muito tempo, dos quais os mais famoso na área é o mandacaru, que chega a atingir 3 metros de altura.
  • No sertão, conhecem-se basicamente duas estações anuais: o inverno, que se estende de dezembro a junho e é a estação das chuvas; e o verão, de julho a novembro, quando as chuvas não ocorrem. Desse modo, um "inverno" em que não chova já significa um ano de seca e, com freqüência, esse período pode-se estender a dois ou três anos.

Resultado: os rios transformam-se em estradas poeirentas, as roças não produzem, o gado morre de sede. Com a falta de água, vêm a falta de comida e de trabalho - o que levou, ao longo dos tempos, a população do semi-árido a migrar para diversas regiões do Brasil.

Colonização tardia

Desse modo, o semi-árido foi colonizado tardiamente em relação às outras regiões. Suas terras se prestaram principalmente para a criação de gado - bovino e caprino -, o couro se tornou uma das fontes de renda principal da economia e da vida sertaneja, os grandes proprietários arrendavam suas terras aos pobres, que mantinham em relação a eles uma relação quase servil - como na Europa medieval. Na verdade, devido ao isolamento e à existência de uma economia de subsistência quase auto-suficiente, hábitos, costumes e crenças dos primeiros tempos da colonização ali sobreviveram até as primeiras décadas do século 20.

Durante a colonização do sertão, as sesmarias - lotes de terras cedidas aos fidalgos -desbravadores - eram conquistadas aos índios, seus habitantes originais. Para isso, os desbravadores formavam milícias de homens armados que, uma vez exterminada a ameaça indígena, passavam a proteger seus senhores de aventureiros rivais.

As disputas pela posse de terras freqüentemente tornavam-se rixas de famílias que se prolongavam por gerações. Já no século 19, esses homens de armas tornaram-se "jagunços", ou capangas dos latifundiários, vivendo como agregados em suas terras e prestando-lhes serviços: proteção, expulsão de posseiros ou moradores indesejados, assassinatos de rivais e desafetos, etc.

Rixas e politicagem

Com a Independência e o Império, muitas rixas e conflitos ganharam caráter político partidário, tornando-se disputas pelo poder regional. A situação manteve-se a mesma com a Proclamação da República. Por volta dessa época, os chefes políticos locais tornaram-se conhecidos como coronéis, patente da Guarda Nacional, além de ser comprada, não era mais que uma forma de obter um título de prestígio militar que desse um caráter mais oficial ao poder exercido de fato pelo titular.

Ao mesmo tempo, à medida que as terras se desmembravam com a morte de seus proprietários, que a situação política mudava, que a conjuntura sertaneja ia sofrendo pequenas alterações, muitos jagunços acabaram formando bandos independentes, que serviam a este ou aquele coronel de acordo com suas conveniências de momento, ou ainda que sobreviviam às custas do saque a arraiais, vilas e pequenas cidades. Aos poucos, passaram a ser conhecidos como cangaceiros.

A palavra deriva de "canga", um dos arreios que prendia os bois ao carro, provavelmente por este se assemelhar ao modo como os bandoleiros cruzavam sobre o peito a correia de seus rifles e os cinturões de munição.