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Descredenciamento de Gama Filho e UniverCidade afeta 9,5 mil alunos no RJ

14.jan.2014 - Alunos e pais de alunos se reúnem em frente a sede da UGF (Universidade Gama Filho), na Piedade, zona norte do Rio, após a decisão do MEC de descredenciar a Universidade Gama Filho e a UniverCidade. Uma parte dos alunos embarcaram em um ônibus para Brasília. - Agencia Brasil/Tânia Rêgo
14.jan.2014 - Alunos e pais de alunos se reúnem em frente a sede da UGF (Universidade Gama Filho), na Piedade, zona norte do Rio, após a decisão do MEC de descredenciar a Universidade Gama Filho e a UniverCidade. Uma parte dos alunos embarcaram em um ônibus para Brasília. Imagem: Agencia Brasil/Tânia Rêgo

Gustavo Maia

Do UOL, no Rio de Janeiro

14/01/2014 17h17Atualizada em 14/01/2014 21h41

A Galileo Educacional, mantenedora da Universidade Gama Filho e da UniverCidade (Centro Universitário da Cidade), instituições com sede no Rio de Janeiro descredenciadas pelo MEC (Ministério da Educação) nesta terça-feira (14), informou que criou uma força-tarefa para atender os alunos das unidades que queiram se transferir para outras faculdades.

O presidente do grupo, Alex Porto, disse que 15 funcionários estão empenhados em atender às solicitações dos estudantes, que devem ser feitas pelo e-mail reitoria@ugf.br.

Os cerca de 3.000 professores e funcionários das universidades, que têm juntas, segundo Porto, 9.500 alunos, se encontram em greve. "A Gama Filho tem 5.500 alunos e a UniverCidade, 4.000", disse o presidente da mantenedora. Ele disse que, no momento, não há como precisar o prazo que será dado para a entrega dos documentos necessários aos alunos para as transferências.

Durante entrevista coletiva na sede do grupo, no centro do Rio, Porto afirmou acreditar que a decisão será revertida. "Vamos recorrer no próprio MEC e na Justiça. Acreditamos que a Justiça brasileira reverterá essa decisão esdrúxula, injusta e arbitrária. Peço que os alunos tenham paciência. Nós vamos regularizar essa situação", declarou.

Sobre o descredenciamento aplicado pelo MEC, ele disse ainda que a medida "viola princípios constitucionais, coloca em risco o emprego de em torno de 3 mil trabalhadores, cria uma instabilidade social e fragiliza os docentes e alunos".

Porto admitiu que as universidades passam por problemas financeiros e estimou que as dívidas do grupo giram em torno de R$ 900 milhões, sendo R$ 400 de questões tributárias das mantenedores anteriores, que podem ser revertidas na Justiça.

Segundo Porto, a diretoria assumiu há 12 meses para fazer um processo de reestruturação acadêmico e financeiro. "Neste contexto, tivemos duas greves, motivas da essencialmente pela falta de pagamento de salários. Em setembro, conseguimos um aporte de R$ 33 milhões e pagamos o referente a julho, agosto e setembro. Estamos trabalhando para pagar outubro, novembro, dezembro e o 13º salário", relatou. "Queremos nos desculpar por essa situação com os nossos alunos, professores e funcionários", afirmou Porto.

Alunos protestam

Do lado de fora do prédio da Galileo, alunos da Gama Filho e da UniverCidade reclamavam tanto da decisão do MEC quanto da falta de diálogo da mantenedora nos últimos meses.

Segundo o estudante de engenharia elétrica Anderson Diniz, 23, que é coordenador-geral de exatas do DCE (Diretório Central dos Estudantes) da Gama Filho, os estudante vão lutar agora para serem recebidos pela presidente Dilma Rousseff. Um grupo de alunos saiu de ônibus do Rio de Janeiro para Brasília na manhã desta terça. "É uma covardia tremenda o que o MEC fez", afirmou.

Sobre o trabalho da Galileo, ele classificou a força-tarefa criada pelo grupo como "uma palhaçada" e "balela completa". "Nós do DCE tentamos uma reunião com eles há meses e só encontramos portas fechadas", disse o estudante. Para Diniz, o foco agora deverá ser não a transferência dos alunos, como orientou o MEC, mas a mudança na administração da universidade.

Para a aluna Fernanda Silva de Freitas, 29, que cursa o último período de história na Gama Filho, a transferência para outras universidades é "praticamente inviável". "Nas outras faculdades aqui do Rio, os cursos são muito mais caros. A Galileo tem que reverter isso. Não acho justo perder cinco anos da minha vida, de investimento", afirmou. "O resultado disso vai ser que muita gente não vai se formar", declarou.

De acordo com Vitor Hugo Marano, 27 anos, que cursa cursa o sétimo e último período de desenho industrial na UniverCidade, em Ipanema, zona sul do Rio de Janeiro, outro problema é que as grades das outras universidades é diferente. "Eu mesmo teria que cursar mais um ano ou um ano e meio. O MEC, em vez de ajudar, acabou ferrando ainda mais os estudantes", afirmou Vitor. "Eu me senti como um nada, impotente, desmotivado. Se eu tiver que estudar um ano a mais, vou parar de estudar".