Se fui capaz de estudar na UnB, todos são, diz formando indígena
É com alegria e ansiedade que o indígena Jósimo da Costa Constant, 27, aguarda a tão sonhada colação de grau, prevista para ocorrer no dia 14 de setembro. O jovem da etnia Poianaua acaba de concluir o curso de antropologia na UnB (Universidade de Brasília).
“Se fui capaz e estou estudando em uma das melhores instituições do país, todos são capazes de estudar, se formar e ser doutores, quebrar barreiras e, principalmente, o preconceito”, diz.
A comemoração de Constant ainda vem em dose dupla. Além de ele ser o 1º indígena a se tornar antropólogo pela instituição, ele foi selecionado para o mestrado em direitos humanos e cidadania da UnB. A aprovação veio antes mesmo da conclusão do curso.
“A UnB representa muito na minha vida. Cheguei aqui sem conhecer nada de políticas brasileiras, sem conhecer nada sobre políticas indigenistas. Eu era tímido e ficava calado com muita coisa. Mas agora sou outro Jósimo. Eu falo, discuto e sou mais um representante das classes julgadas atrasadas que veio fazer história”, destaca.
Vida de vestibulando
Constant foi aprovado no vestibular em agosto de 2012 com a ajuda do sistema de cotas da universidade. A preparação do jovem foi toda em sua casa, estudando com livros e pela internet. A rotina, segundo ele, era de cinco horas diárias de dedicação.
O dia em que viu o nome na lista dos aprovados da UnB no vestibular de 2012 foi inesquecível. “Quase chorei de tanta alegria. Ali pensei comigo mesmo, agora é minha vez”. Para se ter uma ideia, nos últimos dez anos, a UnB formou 24 indígenas.
A escolha pelo curso de antropologia veio com o desejo de desenvolver estudos sobre a cultura do povo indígena, uma área que ele nunca havia ouvido falar.
“Pretendo trabalhar em projetos que ajudem os povos indígenas, também divulgar a cultura dos Poianaua de que sou membro”, diz.
Inspiração
A paixão pelos estudos veio de família. O pai de Constant era professor em uma escola local e teve a oportunidade de cursar o ensino superior na Ufac (Universidade Federal do Acre).
Determinado a seguir caminhos parecidos, o jovem deixou sua aldeia e foi para a cidade de Mâncio Lima para terminar o ensino fundamental e médio – sua aldeia só oferecia educação até o quinto ano do ensino fundamental.
“Sempre tive uma rotina centrada nos estudos, mesmo sendo índio, sendo um Poianaua”, conta.
Como conselho aos que desejam estudar e ainda não foi possível, ele ressalta: não tenham medo de investir em seus sonhos.
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