'Você foi às ruas quando Dilma cortou na Educação?' Manifestantes respondem
O bloqueio de recursos na Educação, alvo de protestos pela segunda vez no mês, não é exclusividade do governo Bolsonaro. Desde 2015, segunda etapa da gestão de Dilma Rousseff (PT), a pasta perde recursos --e esse argumento é utilizado pelo governo e por apoiadores para se queixar de uma suposta "indignação seletiva".
Reportagem publicada pela Folha mostra que, entre 2015 e 2018, sob governos de Dilma e Michel Temer (MDB), o orçamento do ministério da Educação retraiu 6%. Em 2017, por exemplo, o contingenciamento após os dois primeiros meses do ano chegou a R$ 5,03 bilhões.
"Vimos algumas capitais de estado com marchas pela educação, como se a educação até o final do ano passado fosse uma maravilha no Brasil", disse o presidente Jair Bolsonaro (PSL) após o primeiro protesto sobre o tema em seu governo, em 15 de maio.
Nas manifestações de quinta-feira (30), perguntamos a participantes se eles haviam protestado contra cortes na Educação durante o governo Dilma. Leia:
Não protestei contra os cortes de Dilma, mas agora, sim
"A primeira vez que fui para a rua foi quando mataram a Marielle. Mas não é só isso, não é apenas isso. Tem a reforma da Previdência, tem as milícias, os cortes da educação são apenas uma parte disso tudo. A gente tem que mostrar nossa insatisfação e fazer a nossa parte. A gente não votou nessa corja aí e vamos lutar enquanto for possível para derrubar."
Daniela de Castro Pastore, 39, ontem no ato no Rio
"A diferença do outro governo para esse é muita. Os cortes estão sendo muito altos em cima da educação, que é primordial para o país."
Andrea de Oliveira Porto, 52. Ela diz que nunca votou no PT, nem em Bolsonaro, e resolveu ir às ruas ontem, também no Rio.
"Na época de Dilma, ainda estava na escola, me achava muito nova. Então só acompanhava pela internet. No governo Temer, tinha acabado de entrar na UnB, nós fomos até o MEC e teve todo aquele clima de lutar por nossos direitos, e é para isso que estamos aqui de novo."
Mona Cristina, 19, estudante de fonoaudiologia da Universidade de Brasília, ontem no DF.
Fui contra cortes de Dilma, e agora de novo!
"Quando teve cortes dos governos anteriores, principalmente no governo da Dilma, eu participei. Foi quando estavam tirando dinheiro da Educação, da Saúde, da Segurança, para poder sediar a Copa. Até hoje carrego essa ideologia apartidária, sabe?"
Luigi Araújo, estudante de ensino médio, no Distrito Federal
"Sou contra os cortes na Educação e também contra a reforma da Previdência. Educação e saúde são essenciais. Nunca deve haver corte nessas áreas. Eu apoiei manifestações em favor da educação em outros governos também. Quando as escolas foram ocupadas, eu também me manifestei. Não tem como aceitar corte em educação. O governo fala em contingenciamento, mas na verdade está chantageando o povo para tentar passar essa reforma da Previdência."
Rosana Oliveira, 58 anos, dona de casa, em Curitiba.
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