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SP: À espera de decisão do Estado, escolas privadas preparam volta às aulas

Câmeras de reconhecimento facial, instaladas no Colégio Dante Alighieri, dirão se aluno está usando máscara e se está com febre - Divulgação/Colégio Dante Alighieri
Câmeras de reconhecimento facial, instaladas no Colégio Dante Alighieri, dirão se aluno está usando máscara e se está com febre Imagem: Divulgação/Colégio Dante Alighieri

Ana Carla Bermúdez

Do UOL, em São Paulo

07/08/2020 04h00

Resumo da notícia

  • Mesmo sem confirmação de data por parte do estado, escolas privadas se preparam para volta às aulas
  • Colégios particulares devem adotar protocolos obrigatórios, como distanciamento e uso de máscaras
  • Há também escolas que firmaram parcerias com hospitais como o Sírio Libanês e o Einstein
  • Entre outras medidas, há a instalação de câmeras de reconhecimento facial e de kits individuais para alunos

Enquanto esperam uma confirmação do governo do estado sobre a data de reabertura das escolas, colégios particulares de elite de São Paulo já se preparam para um eventual retorno das aulas presenciais. A gestão João Doria tinha previsto inicialmente a volta para 8 de setembro. Hoje, o governo confirmou que as aulas presenciais devem ser retomadas em 7 de outubro nas escolas públicas e privadas do Estado.

Além das medidas que devem ser adotadas por todas as escolas do Estado, como a manutenção do distanciamento entre alunos e funcionários, o uso de máscaras e a medição de temperatura logo no portão de entrada, os colégios particulares da capital têm firmado parcerias com hospitais como o Einstein e o Sírio Libanês para a elaboração de protocolos de biossegurança ou até mesmo para a realização de auditorias nas unidades de ensino.

No Colégio Dante Alighieri, no bairro do Jardim Paulista, 35 câmeras de reconhecimento facial e de medição de temperatura serão instaladas em substituição às catracas que ficam nas portarias. As mesas do refeitório terão placas de proteção acrílica e foi instalada uma mesa que emite radiação ultravioleta para fazer a higiene de livros que entram e saem da biblioteca.

"Antes, precisava passar o crachá e você tinha o contato com essa catraca. Buscando diminuir o contato com superfícies que eventualmente possam acumular o vírus, a gente pensou em trazer uma tecnologia que reunisse tudo em uma coisa só", afirma Valdenice Minatel, diretora-geral Educacional do Dante.

Mesa que emite raios UV foi instalada no Colégio Dante Alighieri para a higienização de livros - Divulgação/Colégio Dante Alighieri - Divulgação/Colégio Dante Alighieri
Mesa que emite raios UV foi instalada no Colégio Dante Alighieri para a higienização de livros
Imagem: Divulgação/Colégio Dante Alighieri

Segundo ela, a medida ajudará a evitar a circulação de terceiros, como pais, nas dependências da escola. O reconhecimento facial será realizado a partir de uma base de dados com fotos dos alunos e funcionários, e o colégio afirma que a tecnologia deve funcionar inclusive com todos usando máscara. Se a pessoa não estiver usando a proteção ou apresentar febre, o equipamento não permitirá a entrada.

Na primeira fase do retorno das atividades, o Dante prevê uma circulação de 1.610 estudantes por dia nas dependências da escola. Pelas regras do Estado, nesta fase, deve haver uma ocupação máxima de 35% dos alunos nas escolas.

O colégio não quis divulgar quanto está investindo para a implementação das medidas para a volta às aulas.

Kits individuais

Colégios como o Rio Branco, no bairro do Higienópolis, e a Maple Bear, que possui diversas unidades na capital, vão implementar kits individuais para evitar o compartilhamento de materiais como lápis de cor e giz de cera entre os alunos da educação infantil.

"Cada criança vai ter um saquinho com todos os materiais que ela vai utilizar naquele dia. Não vamos mais ter na classe aquela vastidão de brinquedos para usar", diz Monique Desidério, gerente de operações da Maple Bear Brasil. "E, toda vez que [a criança] trocar de objeto, vai ser realizada a higienização das mãos".

Ela estima que cada escola da rede deva investir no mínimo R$ 20 mil para implementar tanto os protocolos de biossegurança (que envolvem desde o distanciamento e a limpeza até a distribuição de totens com álcool em gel) como para a instalação de recursos tecnológicos, como câmeras nas salas de aula, para a manutenção do ensino híbrido.

Aluna faz a higienização das mãos com álcool em gel em unidade da Maple Bear em São Luís (MA), onde as escolas particulares já estão abertas - Divulgação/Maple Bear - Divulgação/Maple Bear
Aluna faz a higienização das mãos com álcool em gel em unidade da Maple Bear em São Luís (MA), onde as escolas particulares já estão abertas
Imagem: Divulgação/Maple Bear

Rodízio e menor quantidade de alunos

Diretor da unidade Higienópolis do Colégio Rio Branco, Renato Júdice de Andrade diz que a escola está se organizando para subdividir cada uma das fases previstas para o retorno pelo governo de São Paulo, de forma que ainda menos alunos do que o permitido circulem de fato nas dependências do colégio.

Ele estima que na primeira fase, em que o retorno é autorizado para 35% dos alunos, 15% ou 20% dos estudantes do colégio voltem às atividades presencialmente.

"Vamos ter um número de alunos bem pequeno dentro de cada fase, seja quando for. Ainda não definimos exatamente, mas não vamos fazer rodízio dentro de uma turma, vamos fazer por série", diz.

O rodízio por série será realizado também pelo Colégio Bandeirantes, que fica no bairro da Vila Mariana e atende alunos a partir do sexto ano do ensino fundamental.

"Vamos dividir os alunos em turnos menores. A ideia é que os alunos tenham menos aulas por dia que o normal", diz Mayra Ivanoff Lora, diretora pedagógica da escola. Ela destaca que o colégio deve realizar ainda uma série de webinars com pais e alunos para que todos estejam cientes dos protocolos —e para que nenhum estudante com sintomas suspeitos seja enviado à escola.

Alunos mantêm o distanciamento em sala de aula de escola da Maple Bear, em São Luís (MA), onde colégios particulares já podem funcionar - Divulgação/Maple Bear - Divulgação/Maple Bear
Alunos mantêm distanciamento em sala de aula de escola da Maple Bear, em São Luís (MA), onde colégios particulares já podem funcionar
Imagem: Divulgação/Maple Bear

Abertura depende do estado

Apesar da preparação dos colégios particulares, a abertura das escolas de todo o Estado depende do aval da gestão Doria (PSDB). Nas últimas semanas, o governo vem afirmando que o retorno no dia 8 de setembro depende de liberação da área da Saúde e que esta data não é definitiva.

"Até sexta de manhã (7) estaremos em discussão. Temos um plano, que é uma data referência até 8 de setembro, que é se as condicionalidades forem obedecidas", disse o secretário estadual de Educação, Rossieli Soares, na última segunda-feira (3).

A confirmação da reabertura em 8 de setembro depende da permanência de 80% das regiões do Estado na fase amarela do Plano São Paulo por pelo menos 28 dias. A data limite para que esse percentual seja inicialmente atingido é a próxima terça-feira, 11 de agosto. Passado esse dia, é preciso ainda que não haja regressões significativas para outras fases do plano até setembro.

No Plano São Paulo, de flexibilização da economia, o governo estipulou cinco fases - a fase 1 (vermelha) significa a situação mais crítica e a fase 5 (azul), o cenário controlado. Pela atualização mais recente, apenas as regiões da Baixada Santista, Araraquara, a capital e a região metropolitana estão na fase 3 (amarela). As demais regiões estão nas fases 2 (laranja) ou 1 (vermelha), mais restritivas.

Na semana passada, a Apeoesp, sindicato que representa os professores da rede pública, fez uma carreata contra a reabertura das escolas. Os docentes argumentam que não há estrutura nas escolas públicas para seguir o protocolo de retorno das aulas presenciais, o que deixaria tanto alunos como profissionais em risco.