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Harvard: trabalhos tomam 50 horas por semana, conta aluno brasileiro

Gabriel Guimarães, 20, estuda em Harvard: 15 horas de aula por semana, com 50 horas de "lição de casa" - Arquivo pessoal
Gabriel Guimarães, 20, estuda em Harvard: 15 horas de aula por semana, com 50 horas de "lição de casa" Imagem: Arquivo pessoal

Bruna Souza Cruz

Do UOL, em São Paulo

08/05/2014 05h00

Há pouco mais nove meses o jovem Gabriel Guimarães, 20, vivencia uma experiência única, segundo ele. Em agosto de 2013, deixou o Brasil em direção aos Estados Unidos para estudar ciências da computação em Harvard, uma das universidades mais conceituadas do mundo.

“Eu estou adorando esse lugar. Estou muito feliz desde que eu cheguei aqui. Quando vim aqui [EUA]e visitei Harvard pela primeira vez soube que era pra cá que eu queria vir. Harvard é demais e a quantidade de oportunidades que eles oferecem é fora do comum. Mas ao mesmo tempo é muito difícil”, diz Gabriel.

O jovem decidiu já no primeiro ano do ensino médio, cursado na escola técnica Ifes (Instituto Federal do Espírito Santo), em Vitória, que queria fazer faculdade nos Estados Unidos. Foi então que começou sua preparação para aumentar as chances de ser aceito.

O objetivo na época era “criar as próprias oportunidades”, segundo relatou em palestra realizada no instituto federal, em junho do ano passado.

Como pontos fundamentais para o candidato ter chances de ser aceito, Gabriel destaca que é preciso trabalhar em cima de algo que ele goste muito. “Descubra alguma área que desperte sua paixão e se esforce muito para fazer algo relevante nela. Não é necessário ficar esperando uma ideia mágica brotar na sua cabeça. Ideias simples, mas bem implementadas, aliadas ao trabalho duro, dão muito mais resultado do que ideias mirabolantes. Mas ao mesmo tempo, não se foque só em uma coisa. Abra a cabeça para tudo”, aconselha.

“Com certeza o aluno deve ser muito bom na escola, mas isso não é suficiente. Precisa se interessar por outras atividades como empreendedorismo, projetos extracurriculares, esportes, música, etc.”, explica.

Oportunidades criadas

Aos 14 anos, cursando o primeiro ano, Gabriel começou a participar como ouvinte das aulas de física e cálculo de turmas de engenharia. Diante do bom desempenho, foi convidado pelo Ifes a dar monitoria para os demais alunos.

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Durante sua trajetória até Harvard, outro grande diferencial de Gabriel foi iniciativa de traduzir para o português o curso gratuito de introdução a ciência da computação de Harvard, chamado CS50.net. 

“Entrei em contato com o professor e ele achou interessante a ideia. Fiz esse curso e achei super legal e resolvi fazer [traduzir]”, explicou o estudante que fez o curso CS50 da universidade enquanto fazia um intercâmbio escolar na Alemanha, na época com 16 anos. Depois da tradução e de retornar ao Brasil, Gabriel chegou a lecionar três vezes o curso.

A participação no movimento escoteiro por sete anos e as medalhas recebidas em olimpíadas de matemática e competições de robótica também podem ter contribuído para o aceite do jovem em Harvard. O gosto pela música também não deixou de ser descrito em sua aplicação para as universidades nos Estados Unidos.

Rotina

O estudante tem apenas 3h de aula por dia, mas afirma que só de trabalhos e deveres de casa gasta em média 50 horas de tarefas toda semana.  “Aqui é bem flexível, mas tenho que me impor. Essa experiência de aulas está me ajudando muito a administrar meu próprio tempo”, explica.

“Aqui tem muita coisa pra fazer. Se não aprender a administrar meu tempo não dá certo. Quando cheguei aqui nem tinha calendário. Antes conseguia guardar tudo na cabeça, mas logo nas primeiras duas semanas eu perdi três encontros que tinha marcado. Foi aí que precisava urgente de um”, lembra.

Além dos estudos, o jovem já iniciou um trabalho na própria instituição, no qual ajuda a coordenar o curso gratuito CS50.net. “Meu trabalho é organizar toda a logística para fazer o curso acontecer. Trabalho direto com o professor responsável e o objetivo dele é expandir o conhecimento da ciência da computação no mundo”, explica.