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Campeão de matemática pela 4ª vez, aluno de 12 anos diz: "Não sou bitolado"

Bernardo Teixeira de Amorim Neto, 12 - Arquivo pessoal
Bernardo Teixeira de Amorim Neto, 12 Imagem: Arquivo pessoal

Janaina Garcia

Colaboração para o UOL, em São Paulo

23/12/2015 06h00

Os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro acontecem apenas ano que vem, mas um estudante da pequena Lagoa da Prata, cidade do interior de Minas com cerca de 50 mil habitantes, comemorou em 2015 nada menos que sua quarta medalha de ouro em outra competição, anual: a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP).

Aluno do 9º ano do ensino fundamental na Escola Estadual Nossa Senhora de Guadalupe, Bernardo Teixeira de Amorim Neto, de 12 anos, obteve a primeira colocação geral no nível 2 (8º e 9º anos) e se sagrou tetracampeão – ele é medalhista de ouro desde 2012.

Ao todo, 48.784 alunos foram premiados, 500 desses, com medalhas de ouro, 1.500 com medalhas de prata, 4.501 com medalhas de bronze e 42.283 com menções honrosas. Os medalhistas serão convidados a participar do Programa de Iniciação Científica (PIC Jr), previsto para o ano que vem.

Bernardo é filho único de mãe pedagoga e pai funcionário público com até o segundo grau. Em entrevista ao UOL, o tetracampeão jurou que é um garoto “normal” para a idade, mas reconheceu: lê mais que a grande maioria dos colegas dessa faixa etária.

“Não me acho um bitolado. Pratico esportes, saio toda semana, estudo sem uma frequência definida... Tem dias que estudo quatro horas, tem dias que não estudo. Para a Olimpíada desse ano, me preparei durante uns quatro meses. Mas acredito que eu leia bem mais que meus colegas de escola; além disso, eu ouço podcasts”, disse. Que tipo de leitura? “Principalmente ficção científica – gosto bastante, por exemplo, de Julio Verne. Estou no quarto livro em um mês, graças ao e-book. Estou meio viciado nisso”.

Indagado sobre sua dica a quem também quer ser um campeão na Obmep, Bernardo é direto: “É preciso começar a pensar fora da forma como a gente é condicionado a pensar na escola – lá, é tudo muito mecânico, pouco criativo. Algo que eu acho que também ajuda é o aluno pegar material das provas anteriores, no site da olimpíada, estudar e manter a calma no dia da prova”, sugeriu.

Desde a primeira prova, por sinal, é isso o que adolescente conta que vem fazendo: pega as edições anteriores para estudar o modelo e, então, se preparar. “Nos bancos de questões deles há as soluções, bem explicadas. Eventualmente, eu levava algumas dúvidas para sala de aula, mas sempre busquei resolver as provas anteriores”, contou, ele que sempre teve mais familiaridade com exatas.

Sobre a carreira que pretende seguir, apesar de ainda faltarem os três anos do ensino médio, Bernardo já arrisca entre duas: engenharia ou matemática. “Tenho dúvidas ainda se vou seguir a carreira acadêmica, dando aulas ou sendo pesquisador – mas acredito que pela pesquisa seria minha melhor forma de contribuir com a sociedade”, acredita.

Além de Bernardo, outros dois alunos se sagraram tetracampeões na olimpíada: um de Porto Alegre e outro, de Xambioá (TO).

Minas no topo do ranking

No ranking por Estados, a maior parte das medalhas de ouro, 151, ficou com Minas Gerais, seguido por São Paulo (68), Rio de Janeiro (50) e Rio Grande do Sul (45) e Santa Catarina (38).

A olimpíada é promovida em duas fases pelo Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa). Os objetivos, segundo os organizadores, são incentivar o estudo da matemática e revelar talentos. Este ano, foram 47.582 escolas inscritas de 5.538 municípios, com um total de quase 18 milhões de alunos inscritos.