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Um novo olhar

Xie Haining/Xinhua
Imagem: Xie Haining/Xinhua
Lucila Cano

16/12/2016 06h00

Com o apoio da Fundação Dorina Nowill para Cegos, instituição criada há 70 anos e hoje uma referência na produção e distribuição de materiais em braile, um grupo de pessoas com deficiência visual lançou o projeto “Ações e Informações Novo Olhar” em 12 de dezembro.

A iniciativa, em referência ao Dia da Pessoa com Deficiência Visual, comemorado em 13 de dezembro, busca divulgar a baixa visão e os direitos das pessoas com deficiência visual, bem como reforçar a inclusão dessas pessoas na sociedade.

Segundo o Censo 2010 do IBGE, mais de 6,5 milhões de brasileiros são portadores de algum tipo de deficiência visual. A integração desse grupo às atividades produtivas e o seu acesso ao estudo e a uma vida plena dependem da superação de desafios diários. A via do conhecimento e da ampla divulgação de suas histórias pode acelerar o processo de inclusão.

Agir e informar

A ideia do “Projeto Ações e Informações Novo Olhar” surgiu após diversos encontros em que foram compartilhadas histórias sobre situações de preconceito, em especial aquelas relacionadas ao desconhecimento da população sobre a baixa visão.

Assim, o grupo criou uma fanpage e conta com o incentivo de profissionais da Fundação Dorina Nowill para conscientizar a população sobre diversos tipos de deficiência visual, com informações de entretenimento, direitos e deveres, saúde e muito mais.

Um aspecto importante dessa iniciativa é o esclarecimento sobre as diversas formas de baixa visão que, em muitos casos, não são aceitas como deficiência visual, afetando a conquista de direitos e de cuidados essenciais.

Igualmente importante é o espaço que se abre para o debate. Por isso, a fanpage possibilita a discussão de direitos, empregabilidade, autonomia e independência das pessoas com deficiência visual, entre tantas outras questões que devem surgir no processo da comunicação.

Saber distinguir

Dos 6,5 milhões de brasileiros classificados pelo Censo como pessoas com deficiência visual, cerca de 500 mil são identificados como cegos, enquanto a maioria de 6 milhões constitui o grupo da baixa visão, ou visão subnormal.

Tal deficiência é caracterizada por apenas 30% ou menos de visão no melhor olho de uma pessoa, mesmo depois do uso de óculos comuns e tratamentos. Por isso, quem tem baixa visão pode enxergar pessoas, mas não vê suas feições, ou, então, consegue perceber que há placas e lousas com escritos, por exemplo, mas é incapaz de ler sem recursos especiais.

A baixa visão se manifesta de diferentes formas e a fanpage do projeto as relaciona de maneira didática, indicando o campo visual de cada uma delas.

As doenças oculares mais frequentes e que podem causar a deficiência visual (cegueira ou baixa visão) são aquelas que provocam alterações na retina ou no nervo óptico e são irreversíveis.

As patologias que mais incidem na infância são congênitas: retinopatia da prematuridade, glaucoma congênito, catarata congênita, toxoplasmose ocular congênita, atrofia do nervo óptico, albinismo óculo cutâneo e nistagmo congênito.

Na idade adulta, as patologias são adquiridas e, entre elas, destacam-se a degeneração macular relacionada à idade, glaucoma, retinopatia diabética e doença de Stargardt.

Vale ressaltar que, de acordo com informações da Fundação Dorina, 60% das causas de deficiência visual podem ser prevenidas e, em havendo a deficiência, a reabilitação é fundamental para a plena qualidade de vida das pessoas.

Mais informações podem ser obtidas na fanpage e nos canais da fundação, que oferece serviços gratuitos e especializados de orientação e mobilidade, educação especial (apoio escolar e aulas de braile), clínica de visão subnormal e programas de inclusão profissional. No país, mais de 2.800 escolas, bibliotecas e organizações são atendidas pelos serviços da fundação.

* Homenagem a Engel Paschoal (7/11/1945 a 31/3/2010), jornalista e escritor, criador desta coluna.