Há quase 16 anos
O texto a seguir é uma síntese da primeira coluna “Responsabilidade Social e Ética”, escrita pelo jornalista Engel Paschoal em 30 de agosto de 2001. Na época, mal se falava em Terceiro Setor, tampouco em sustentabilidade. Na imprensa, o interesse pelas questões sociais foi ganhando corpo devagar. Assim como a coluna que, semana após semana, buscava tratar de temas que, hoje sabemos, são muito importantes.
Terceiro Setor movimenta 8% do PIB no mundo
Iniciamos uma coluna semanal sobre a responsabilidade social e ética de pessoas, entidades, empresas e Governo. Isso faz parte do chamado Terceiro Setor, oitava economia do mundo, e que movimenta por ano mais de US$ 1 trilhão, cerca de 8% do PIB do planeta. No Brasil, ele representa R$ 10,9 bilhões anuais (1% do PIB), sendo R$ 1 bilhão em doações.
Reúne mais de 300 mil ONGs, além de fundações, institutos etc. Emprega cerca de 1,7 milhão de pessoas e tem 20 milhões de voluntários. O Brasil é o quinto do mundo em voluntários.
Segundo pesquisa com 273 empresas, feita pelo Ceats-USP - Centro de Estudos em Administração do Terceiro Setor da Universidade de São Paulo, 56% delas investem em atividades de caráter social; 40% acreditam que as ações sociais envolvem mais o funcionário com o trabalho; 34% acham que programas sociais aumentam a motivação e a produtividade; e em 48% os funcionários fazem algum tipo de trabalho voluntário. A ação social influi até na permanência dos funcionários no emprego.
No Brasil há mais de 450 anos
A preocupação com o social começou no Brasil em 1543, com a fundação da Santa Casa de Misericórdia da então Vila de Santos, SP. A segunda data relevante é 1908, quando a Cruz Vermelha chegou ao Brasil. Se considerarmos apenas estes registros históricos, o Brasil levou 365 anos entre a sua primeira e segunda ação social. A partir daí, no entanto, a distância entre as datas se reduziu. Em 1910, o escotismo, fundado dois anos antes na Inglaterra por Robert Baden-Powell, se estabeleceu aqui, para “ajudar o próximo em toda e qualquer ocasião”.
Em 1967, o Governo criou o Projeto Rondon e levou universitários ao interior do país para atender comunidades carentes. Em 1983, surgiu a Pastoral da Criança, treinando líderes comunitários para combater a mortalidade infantil. Em 1993, Herbert de Souza, o Betinho, fundou a Ação da Cidadania contra a Miséria e pela Vida. Em 1995, Fernando Henrique Cardoso criou o programa Comunidade Solidária, cuja presidência coube a dona Ruth Cardoso. Em 1998, foi promulgada a lei 9.608, que regulamenta a prática do voluntariado.
Uma nova maneira de se fazer negócios
O Terceiro Setor evoluiu tanto que, hoje, a expressão “responsabilidade social e ética” já aponta preocupações das empresas com o reflexo de suas atitudes nos negócios. Exemplo disso foi que em 26 de agosto de 2000, presidentes de 18 das mais importantes empresas do mundo se reuniram na ONU com o secretário-geral Kofi Annan e com os diretores-gerais do Alto Comissariado para Direitos Humanos e da OIT - Organização Internacional do Trabalho e do Programa de Meio Ambiente, para discutir a interação entre as Nações Unidas, o empresariado global, ONGs e sindicatos.
Isto porque Kofi Annan criou o Global Compact, para fazer com que líderes empresariais apoiem a ONU na promoção de valores fundamentais em direitos humanos, trabalho e meio ambiente. E, para se avaliar o nosso envolvimento com o assunto, o Brasil vai sediar a primeira reunião do Global Compact, em outubro.
Assim, consideramos fundamental o papel da imprensa na discussão do Terceiro Setor. Com esta coluna, esperamos contribuir para divulgar e estimular ainda mais a responsabilidade social e ética de todos.
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(*) Durante quase sete anos, após o falecimento de Engel Paschoal, em 31 de março de 2010, procurei dar continuidade à coluna. Preciso parar por um tempo. Espero, como ele, ter contribuído de algum modo para estimular a responsabilidade social e ética entre nós. Obrigada por sua leitura. Até mais.
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