Refugiado de guerra, zelador de universidade dos EUA recebe diploma de graduação
Durante anos, Gac Filipaj, 52, limpou pisos, banheiros e jogou o lixo fora na Universidade de Columbia (EUA). Ele, que é albanês e se refugiou nos Estados Unidos durante a Guerra da Iugoslávia, se graduou na área de literatura e artes clássicas na instituição onde trabalha.
Por prestar serviços à Columbia, ele não precisou pagar pelas aulas. Ele se graduou com honras após doze anos de estudos, incluindo leituras em latim e grego, e foi aceito como estudante após aprender inglês. O seu autor predileto é Sêneca.
“Eu amo as cartas de Sêneca porque elas foram escritas com o mesmo espírito no qual fui educado na minha família: não desejar fama e fortuna, mas ter uma vida simples, honesta e honrada”, afirma Filipaj. Ele trabalha todos os dias entre 14h30 e 23h, e estudava após chegar em casa.
Guerra
O zelador saiu de Montenegro, então uma república iugoslava, em 1992. Ele, que é de etnia albanesa e católico romano, deixou a propriedade de sua família em uma pequena vila do interior do país por estar prestes a ser convocado para o exército da Iugoslávia. As forças armadas do então país eram comandadas por sérvios, que consideravam os albaneses inimigos.
Ele fugiu do país pouco antes de terminar a faculdade de direito em Belgrado, a então capital da Iugoslávia, de onde ele ia todos os dias para Montenegro.
Ao chegar a Nova York, um tio seu ofereceu abrigo enquanto trabalhava como entregador de um restaurante. “Eu perguntava às pessoas quais eram as melhores escolas de Nova York”, conta. Columbia era a líder da lista –“e eu fui lá para ver se conseguia arranjar um emprego”.
Filipaj manda parte do salário de US$ 22/hora (cerca de R$ 44) para a família do seu irmão em Montenegro. Mesmo sem ter computador, ele comprou um para seus parentes, que ganham a vida vendendo leite.
Próximo passo
Agora, ele quer fazer mestrado ou mesmo conseguir um PhD em clássicos romano e grego. No futuro, ele espera se tornar professor e traduzir seus livros favoritos para o albanês.
Por enquanto, ele está tentando “um emprego melhor”, porém, sem o objetivo direto de ganhar mais. “A riqueza está dentro de mim, no meu coração e na minha cabeça, não nos meus bolsos”, afirma Filipaj, que, agora, é cidadão americano.
(Com informações da Associated Press)
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