Professores do Rio deixam acampamento; votação será questionada na Justiça
Os professores que protestavam em frente à Câmara de Vereadores do Rio desmontaram o acampamento na manhã desta quarta-feira (2). Apesar dos diversos confrontos entre manifestantes e policiais na noite de ontem, um grupo de 15 professores passou a noite no local. Os professores afirmam que a votação do plano de cargos e carreiras, aprovado ontem, será questionada na Justiça.
"Não saímos correndo porque não fizemos nada de errado. Está em debate uma concepção de escola pública. Na nossa perspectiva, uma escola de cidadã, com qualidade e não uma fábrica de mão-de-obra barata", afirmou o professor de história Francisco Milton, 39, que estava no acampamento até hoje.
O grupo ocupava com 12 barracas a calçada da rua lateral do legislativo municipal e chegou a ter cerca de 30 pessoas no final da semana passada, quando outro grupo de 150 educadores ocupou o plenário da Câmara. Outro acampamento permanece na praça da Cinelândia desde os protestos contra a CPI dos Ônibus, mas é um grupo distinto.
"A lei passou. O plano de carreira foi imposto, mas vamos discutimos a legalidade desse processo na Justiça", defendeu Fernando Xavier, 50, outro professor que passou a madrugada no acampamento.
Medo de sanções
Xavier contou que além de dar aulas de português no município também é professor da Faetec (Fundação de Apoio a Escola Técnica do Rio de Janeiro) e teme represálias devido à greve. "Houve uma ordem para colocar no nosso ponto o código 61, que é a identificação de greve. Não sei ainda, mas pode significar diversas sanções", explicou.
Os profissionais não sabem ainda como será o pagamento do mês de setembro que deve ser efetuado até o fim do dia de hoje. O professor de educação infantil Roberto Carlos, 27, porém, apontou que o depósito do auxílio-alimentação no fim de setembro foi o equivalente a uma refeição diária. O professor afirma, no entanto, que trabalhou quase duas semanas no mês passado antes do retorno das paralisações.
Feridos
De acordo com os dois, entre os que estavam no acampamento apenas um teve ferimentos leves causados por bala de borracha após os confrontos. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, os confrontos de ontem deixaram 23 feridos.
Quando os professores já haviam terminado de retirar seus pertences do local, o músico Edgard de Almeida, 100, passou para cumprimentar os educadores. Ele contou que também havia sido atingido na tarde de ontem por estilhaços de uma bomba de gás durante a manifestação.
"Eu moro em Realengo (zona oeste) e vim ao protesto com a minha sobrinha, que é professora. Jogaram várias bombas e uma explodiu na minha barriga", afirmou o idoso, que foi levado por um casal até o Hospital Souza Aguiar. Ele registrou boletim de ocorrência.
Nesta quarta-feira, será realizado um ato no auditório do 5º andar da UERJ, a partir das 17h. Outras medidas e assembleias também estão sendo discutidas.
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