"É inevitável", diz secretário sobre reintegração de posse de escolas
O secretário estadual de Educação, Herman Voorwald, afirmou serem "inevitáveis" os pedidos de reintegração de posse das escolas ocupadas no Estado de São Paulo, e que a pasta pretende continuar com a ação. "Não há outro caminho. Temos que garantir a integridade do patrimônio público", afirmou em coletiva de imprensa nesta terça (17).
Voorwald afirmou, ainda, que respeita o movimento dos estudantes da educação básica, mas que não concorda com a participação de entidades que "pouco têm a ver com a educação", fazendo referência ao MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), que ocupa algumas unidades.
O secretário citou o acordo obtido com os alunos da E.E. Diadema, que decidiram deixar a unidade a partir das 14h desta quarta-feira, como um bom exemplo de diálogo. "Eles irão entregar uma pauta de reivindicações para a secretaria e vamos analisar."
Para justificar a reorganização que a secretaria implementa na rede estadual, o secretário afirmou que a queda do número de alunos, a dificuldade em ter espaço para a construção de novas escolas e a ociosidade em algumas instituições foram os fatores determinantes. "A segmentação é fundamental. Pretendemos criar uma escola com gestão mais simples", disse. "O processo de reorganização foi democrático e construído pelas 91 diretorias de ensino."
Voorwald negou que com a iniciativa o número de alunos por sala aumente -- principal argumento dos alunos e professores contrários à medida. "Em nenhuma hipótese isso ocorrerá. Nós iremos respeitar a média do número de alunos, que é 30 nos anos finais do ensino fundamental e 32 no médio".
Durante a coletiva de imprensa, foi anunciada uma resolução, que irá ser publicada no Diário Oficial nesta quarta, que garante o cumprimento dos 200 dias letivos, mesmo com as ocupações em mais de 30 escolas do Estado.
Pedido de negociação
Nas escolas visitadas pelo UOL -- Fernão Dias, Salvador Allende e E.E Diadema --, a principal reivindicação dos estudantes era o diálogo com a secretaria. No caso da Salvador Allende, os alunos também querem reverter o fechamento da escola, que fica ao lado de um conjunto habitacional na zona leste.
Houve reversão em dois casos: uma escola rural em Piracicaba (Escola Estadual Augusto Melega) e uma escola que é referência na educação inclusiva (atende alunos com deficiência) em Santos (Escola Estadual Braz Cubas). A lista inicial previa o fechamento de 94 escolas.
Reorganização
A reorganização foi anunciada no final de setembro pelo governo do Estado. Desde o começo de outubro, estudantes têm organizado protestos contra as medidas. Eles fizeram algumas passeatas e atos.
Com a mudança da rede, 754 terão ciclo único. A intenção do Estado é ter colégios com ciclo único, ou seja, com alunos de apenas uma das etapas de ensino: fundamental 1 (anos iniciais), fundamental 2 (anos finais) e ensino médio. Por conta da reestruturação, 311 mil alunos serão transferidos.