SP: Alckmin adia reorganização em 2016 e propõe diálogo "escola por escola"
Geraldo Alckmin (PSDB), governador de São Paulo, anunciou o adiamento da reorganização escolar na tarde desta sexta-feira (4). O anúncio foi feito em coletiva para jornalistas no Palácio dos Bandeirantes, na capital paulista.
"Alunos continuam nas escolas em que já estudam. Os debates serão feitos em 2016", disse. "Eu escutei e respeito a mensagem dos estudantes e seus familiares, com suas dúvidas e preocupações em relação à reorganização das escolas aqui no nosso Estado. Por isso, nós decidimos adiar a reorganização e rediscuti-la escola por escola com a comunidade, com estudantes e, em especial, com os pais dos alunos", acrescentou.
Anunciada no final de setembro, as medidas propunham escolas de ciclo único e encontraram forte resistência de professores e alunos - há cerca de 200 escolas ocupadas e estudantes fecharam as principais vias da capital durante esta semana.
Na tarde de ontem (3), o Ministério Público e a Defensoria Pública de São Paulo entraram com uma ação civil pública que pedia que a reorganização das escolas estaduais fosse interrompida e que a Secretaria de Educação organizasse uma agenda de discussões com a sociedade sobre as mudanças.
Na manhã de hoje, estudantes fecharam o cruzamento das avenidas Faria Lima com Rebouças e também da avenida Paulista com rua Consolação. Em ambos os protestos, a PM jogou bombas de efeito moral para desbloquear as vias.
Uma pesquisa do Datafolha apontou a queda de popularidade do governador de São Paulo, com os piores resultados de sua gestão. Apenas 28% aprovam seu mandato (contra 69%, em seu melhor momento). Por outro lado, 30% dos paulistas classificam seu governo como ruim ou péssimo.
O vice-governador, Márcio França (PSB), se declarou a favor de suspender a reorganização também na manhã de hoje.
Reorganização
A medida previa o fechamento de 92 escolas e reorganizava as restantes por ciclo único. Desse modo, estudantes do ensino fundamental ficam em unidades diferentes do ensino médio.
Na última terça, o governo do Estado de São Paulo publicou um decreto que permitia a transferência de servidores entre as unidades da reorganização -- esse foi o primeiro passo legal para a implantação do programa.
Desde o anúncio da reorganização, alunos, pais e professores têm realizado protestos em vários pontos do Estado. Eles argumentam que o objetivo da reestruturação é cortar gastos e temem a superlotação das salas de aulas, além de alegarem a ausência de diálogo durante o processo.