Acusado por Weintraub, fiscal também não pode usar celular no Enem
Sem apresentar provas, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, disse ontem que o responsável pelo vazamento de uma foto do caderno de questões do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) durante a aplicação da prova foi um fiscal do exame.
Segundo Weintraub, o aplicador teria fotografado o caderno de questões de um candidato que faltou no dia da prova. Mas quem são os fiscais do Enem? Eles podem usar o celular nos locais de prova? Quais são as tarefas que eles devem realizar?
Os fiscais do Enem são contratados pelo consórcio aplicador da prova, que neste ano é formado pela FGV (Fundação Getulio Vargas) e pela Fundação Cesgranrio. As duas instituições possuem plataformas abertas na internet para o cadastro de novos colaboradores.
Uma fiscal que trabalhou na aplicação do Enem e que pediu para não ser identificada diz que, além de dados pessoais como endereço e escolaridade, outra informação solicitada no momento da inscrição para o trabalho é a quantidade de exames de mesmo porte que a pessoa já aplicou.
A próxima etapa, segundo ela, é um curso de capacitação online. "Nessa fase, temos que preencher atas de sala, ouvir áudios e ler manuais para entender como funciona a prova e como iremos lidar com as particularidades de cada participante", explica.
A fiscal conta ainda que, no dia da aplicação da prova, eles passam por outro treinamento no período da manhã. A partir de então, o uso do celular pelos fiscais é proibido.
"A partir do momento que fizemos o treinamento, por volta das 9h, precisei desligar meu celular e guardar no porta-objetos, igual a qualquer participante", diz.
Outras duas pessoas que trabalharam como fiscais confirmaram à reportagem que tiveram que guardar seus celulares e que qualquer acesso aos aparelhos durante a aplicação da prova era proibido.
Em geral, os fiscais são responsáveis por atividades como coletar as digitais dos candidatos, conferir documentos, fiscalizar os lanches, informar o horário (já que não é permitido o uso de relógio no Enem) e recolher a assinatura dos candidatos para a lista de presença.
Eles podem ser divididos entre funções como chefe de sala, aplicador regular e fiscal de banheiro. A reportagem apurou que o pagamento varia entre R$ 110 e R$ 150 por dia de trabalho.
Neste ano, segundo o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), órgão responsável pelo Enem, 354.457 pessoas devem trabalhar como fiscais no Enem nos dois dias de aplicação do exame. Ao todo, são 10.133 locais de prova em todo o Brasil.
Procurada, a FGV disse que o MEC (Ministério da Educação) e o Inep são as fontes oficiais de informação sobre a operação logística do Enem. Já a Fundação Cesgranrio disse que o Inep é o órgão responsável por todas as informações relacionadas ao exame.
O Inep, por sua vez, ainda não respondeu se há um edital ou critérios para a seleção dos fiscais.
Certificador pode usar celular
Diferentemente dos fiscais, os certificadores que trabalham na aplicação do Enem têm autorização para usar o celular nos locais de provas, mas apenas para comunicação com o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) e para o preenchimento de um relatório de certificação.
Os certificadores atuam como representantes do Inep em todos os locais de prova e são responsáveis por conferir vários procedimentos como a chegada e a abertura dos malotes, a distribuição das provas, o trabalho dos chefes de sala, aplicadores e fiscais, entre outros.
Todo o trabalho é feito por meio de um aplicativo, pelo qual os certificadores enviam alertas e relatórios ao Inep durante todo o processo. O uso do smartphone para "outras finalidades" não é permitido e é passível de punição. Segundo o edital de seleção desses servidores, aquele que descumprir as orientações do Inep no dia da prova será excluído da rede de certificadores.
Apenas servidores públicos federais e professores da rede pública podem se candidatar a trabalhar como certificadores no Enem. Eles devem obedecer a uma série de requisitos, como ter formação mínima em ensino médio e não estar inscrito no Enem daquele ano, além de fazer um curso online de capacitação antes de serem considerados aptos a trabalhar como certificadores no dia da prova.
Para este ano, a estimativa do Inep era de aproximadamente 12 mil certificadores em todo o Brasil para os dois dias de aplicação do exame. A remuneração para cada dia de trabalho é de R$ 342.
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