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Enem 2020: Irmão de morto em Paraisópolis (SP) protesta contra Bolsonaro

Danylo Amilcar, estudante de geografia da USP e integrante do movimento Juntos, protesta contra a realização do Enem em SP - André Porto/UOL
Danylo Amilcar, estudante de geografia da USP e integrante do movimento Juntos, protesta contra a realização do Enem em SP Imagem: André Porto/UOL

Arthur Stabile e Tatiana Campbell

Colaboração para o UOL, em São Paulo e no Rio

17/01/2021 13h16

Manifestantes estiveram em frente a um local de aplicação de Enem em São Paulo para protestar contra o governo de Jair Bolsonaro (sem partido). As críticas eram pela realização da prova em meio à alta de casos e mortes pelo novo coronavírus.

Um dos manifestantes é Danylo Amilcar, estudante de geografia da USP (Universidade de São Paulo) e integrante do movimento Juntos. Para ele, a realização do Enem no atual momento é um crime.

"Viemos protestar contra esse governo genocida que tem matado milhares de pessoas diariamente e deixa acontecer o Enem em meio a tudo o que acontece na saúde", dispara.

Danylo é irmão de Denys Henrique Quirino da Silva, 16, um dos nove jovens mortos pisoteados em 2019, após ação da PM de São Paulo no Baile da DZ7, realizado em Paraisópolis, favela na zona sul da capital paulista.

Estudante de universidade pública, ele diz que o Enem é uma chance única para jovens de periferia terem acesso ao ensino superior. Sem a prova, muitos não têm a mesma oportunidade.

Protesto - André Porto/UOL - André Porto/UOL
Protesto em faculdade da zona oeste de São Paulo contra a realização do Enem durante a pandemia do coronavírus
Imagem: André Porto/UOL

"Existe uma pressão da sociedade para que os jovens entrem na universidade. Por isso vêm fazer a prova mesmo em uma situação caótica", explica, sobre a presença de alunos apesar da pandemia.

"O Enem é uma chance rara das pessoas mudarem de vida, de entrarem na universidade pública. O coronavírus fez muita gente querer mudar de vida e a faculdade é uma das formas."

Protesto Rio - Tatiana Campbell/UOL - Tatiana Campbell/UOL
Protesto na PUC do Rio contra a realização do Enem
Imagem: Tatiana Campbell/UOL

Protesto no Rio contra "gripezinha"

Um pequeno grupo de manifestantes realizou um protesto em frente a uma das entradas da PUC-Rio (Pontifícia Universidade Católica do Rio), zona sul da cidade.

Com um cartaz escrito "a gripezinha já matou + de 200 mil pessoas", quatro estudantes, que não realizarão a prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), decidiram se manifestar contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Integrante da Associação dos Estudantes Secundaristas do Rio, Tainá Dias, 18, disse que o protesto é contra a realização da prova, já que muitos alunos não tiveram as mesmas condições de preparo.

"A gente resolveu fazer essa manifestação justamente pelo Enem estar acontecendo no momento tão injusto do que a gente está vivendo hoje. A gente está vendo que vários estados não estão com condições de aplicar essa prova, que é um momento muito importante para milhares de estudantes. Tinha que ser um vestibular justo", afirmou.

"Uma sala cheia de pessoas, todos correndo risco. Resolvemos fazer esse protesto para denunciar não só a situação em que hoje se faz o Enem, mas também a situação em que vive o nosso país", disse a estudante.

Enem 2020; veja fotos