Quais as questões mais cabeludas do ITA, vestibular mais difícil do Brasil
Considerado o vestibular mais difícil do Brasil, o ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) aplicou nesta terça (2) as provas da 1ª fase da edição 2022 do seu processo seletivo. Mais de 7.900 candidatos se inscreveram para a prova. Nesta primeira etapa, eles responderam a 70 questões objetivas de física, português, inglês, matemática e química.
A pedido do UOL, professores do curso e colégio Objetivo, do curso Poliedro e do Sistema Farias Brito selecionaram as questões mais difíceis. Veja os comentários dos professores e a resolução das questões abaixo:
Física
Na prova de física, pelo menos três questões foram consideradas de dificuldade elevada pelos professores (clique nos links de cada questão para ver a correção online feita pelo Objetivo e a explicação). Uma delas é o exercício de número 13, que abordava um circuito de capacitores em formato de um octaedro regular.
"É uma questão dificílima, pouquíssimos alunos vão conseguir resolvê-la", diz o professor Eduardo Figueiredo, coordenador de física do Objetivo.
Os professores do Poliedro e do Farias Brito consideraram que a questão 7 também está entre as mais difíceis da prova, pelo fato de cobrar um assunto "bastante específico", de massa reduzida em movimento harmônico simples.
Carlos Eduardo, professor de física do Farias Brito, cita ainda a questão 14, que aborda indutância mútua. "Isso já tinha caído no [vestibular do] IME [Instituto Militar de Engenharia] uma vez, mas achei que foi a questão mais elegante, mais bonita da prova e, sem dúvidas, a mais difícil".
Matemática
Na prova de matemática, quatro questões foram apontadas pelos professores como as mais cabeludas. São elas: a 43, 47, 48 e 51.
"A questão 51 é a que eu considero a mais difícil e bonita da prova. É uma questão de contagem envolvendo números binários. Fazia muito tempo que o ITA não cobrava uma questão desse estilo", diz Davi Lopes, professor de matemática do Farias Brito.
Os professores do Poliedro destacam o elevado grau dificuldade dos exercícios 43 e 47. "A questão 43, por trazer um sistema de equações complexo, e a questão 47, por trazer trigonometria e progressão aritmética em uma mesma questão, com um raciocínio lógico mais complexo", afirmam.
Além das questões 47 e 51, o professor Giuseppe Nobilioni, coordenador de matemática do Objetivo, cita o exercício 48, que trazia a equação de uma hipérbole, como uma das mais difíceis da prova. "Como sempre foi uma prova muito boa, de bom nível, muito trabalhosa para os alunos. É a típica prova do ITA", avalia.
Português
Para o professor Nelson Dutra, coordenador de português do Objetivo, a questão mais difícil da prova foi a de número 22, sobre Carlos Drummond de Andrade.
"O enunciado pedia uma relação ambígua com a memória, com traços de esperança, embora sem saudosismo. O aluno teria que refletir sobre essa proposição e ver nas alternativas algo que fosse ao encontro disso", explica.
No geral, no entanto, ele destaca que a prova de português foi mais "tranquila". Na avaliação do professor, todas as questões abordaram as obras literárias cobradas pelo vestibular, pedindo aspectos fundamentais desses livros. "Muitas questões incidiram apenas em uma verificação de leitura", afirma.
Paulo Lobão, professor de língua portuguesa e literatura do Farias Brito, concorda com essa avaliação. Ele cita ainda o exercício 19, que, apesar de não ser considerado de dificuldade elevada, "inspira alguns cuidados".
"Todos os itens apresentados em relação ao fragmento destacado para análise são falsos. Isso pode gerar algum tipo de problema, visto que o aluno poderá, em uma situação de nervosismo ou insegurança, não achar que todos os itens sejam falsos", diz.
"Vale ressaltar que, assim como no ano passado, assuntos de gramática, texto e teorias literárias não foram cobrados, embora apareçam no edital do concurso", diz o diretor Markan, do Poliedro.
Química
Sergio Teixeira Bignardi, professor de química do Objetivo, diz que as questões relacionadas a essa matéria cobraram muito conhecimento conceitual dos candidatos, além de exigir o uso do raciocínio. Para ele, as questões mais cabeludas da prova foram as de número 57, 62 e 67, que envolviam conhecimentos de termodinâmica.
"De todas, talvez a mais difícil tenha sido a 62, que trazia um gráfico de um tensoativo e água misturados em porcentagens em função do deltaH de um certo processo termodinâmico. Então o aluno realmente teria dificuldade, em primeiro lugar, de interpretar esse gráfico e o que o examinador queria", diz.
"Essa situação para eles [os candidatos] é complicada, sai do lugar-comum e o aluno realmente sente dificuldade nesse tipo de situação", concorda Antonio Fontenelle, professor de química do Farias Brito.
Os professores do Poliedro também destacam a dificuldade da interpretação da questão. "Chama a atenção que as questões eram bastante teóricas e que exigiam alguns conhecimentos específicos, inclusive de laboratório", afirma o diretor Markan.
Inglês
Na prova de inglês, a questão mais citada pelos professores como trabalhosa foi a de número 33, que pedia um sinônimo em português para a palavra "albeit", que significa embora.
Sousa Nunes, professor do Farias Brito, destaca que esse é um conectivo "pouco empregado até no jornalismo". Já Wellington Pimentel, professor de inglês do Objetivo, avalia que as alternativas da questão foram "mal colocadas" —e, por isso, poderiam confundir o aluno.
"A questão falava sobre o termo 'albeit' no texto e trazia entre as opções [de resposta] 'despite' e 'whereas'. Essas duas palavras poderiam ser colocadas como resposta, afinal de contas as duas caberiam com a ideia de concessão, que é a ideia dessa palavra", explica.
"Das dez questões deste ano, apenas três exigiam dos candidatos muitíssima atenção e cuidado, pelo grau de complexidade que ofereciam", diz Sousa Nunes, do Farias Brito. Além da questão 33, ele cita os exercícios 31 e 36 como sendo de alto nível de dificuldade.
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