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Governo Bolsonaro deixou Enem mais branco e elitista, diz professor

Colaboração para o UOL

18/11/2021 12h07Atualizada em 18/11/2021 13h24

O governo Bolsonaro é responsável por fazer com que o perfil dos candidatos do Enem esteja mais branco e elitista. A avaliação é de Wellington Lopes, professor de Ciências Sociais e conselheiro da organização UNEafro.

"Se este é o Enem mais branco e elitista da última década, é justamente por uma prática que caracteriza o governo", disse Wellington, durante UOL Debate hoje (18).

A edição deste ano do exame registrou o menor número de inscritos, além da menor taxa de participantes negros e vindos de escolas públicas dos últimos anos. Houve aumento no número de pagantes e de brancos.

"Esse governo é caracterizado pelo ataque a minorias sociais e étnicas, deboche das vítimas da covid, desmonte da educação. Um ataque à população negra e pobre", completou Lopes.

Suposta interferência atrapalha candidatos

Durante o debate, Maria Inês Fini, ex-presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), reforçou que os candidatos do Enem devem tentar permanecer tranquilos, apesar das recentes denúncias envolvendo suposta interferência do governo Bolsonaro no exame.

"Se não bastassem as mortes pela covid-19, insegurança sanitária, os estudantes ainda têm que conviver com esse clima", lamentou Fini.

Servidores do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) dizem que o conteúdo das provas foi censurado, como já havia relatado o presidente da Assinep (Associação dos Servidores do Inep), Alexandre Retamal. O diretor de Avaliação de Educação Básica, Anderson Oliveira, teria pedido a remoção de mais de 20 questões da primeira versão da prova deste ano.

Para Anna Venturini, Doutora em Ciência Política, não há disposição do governo federal para atrair novos perfis de candidatos em meio à queda histórica na inscrição. "O governo não incentiva estudantes a ingressarem no ensino superior. Ele exclui grupos da população", afirma.

Enem mais excludente

Reportagem especial do UOL mostra o desafio de estudar para um exame quando o aluno já se vê em pé de desigualdade.

Apenas 3,1 milhões de pessoas estão confirmadas para realizar as provas nos dias 21 e 28 de novembro. É o menor número desde 2005. Entre os participantes pardos e pretos, a diminuição foi de 52% (de mais de 3,4 milhões no ano passado para 1,6 milhão em 2021).

"Os estudantes deixaram de ver no Enem uma possibilidade de melhoria de suas vidas", afirma Chico Soares, ex-presidente do Inep e professor emérito da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).