Enem: Ex-ministro alerta para risco de vazamento após suposta interferência
O ex-ministro da Educação Renato Janine Ribeiro alertou, em entrevista ao UOL News hoje (18), para o risco de vazamento das provas do Enem, caso as denúncias de suposta interferência do governo Bolsonaro no exame se confirmem.
O professor da USP ressalta que há um procedimento de sigilo para a realização das provas que deve ser respeitado. "Esses funcionários que pediram demissão fizeram acusações de censura. Isso é muito grave não só politicamente, mas por causa do sigilo do Enem. Tem que ser rigoroso ou não é sigiloso. Se você submete a pessoas de fora, fica sempre o risco que vazem para pessoas próximas."
Servidores do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) dizem que o conteúdo das provas foi censurado, como já havia relatado o presidente da Assinep (Associação dos Servidores do Inep), Alexandre Retamal. O diretor de Avaliação de Educação Básica, Anderson Oliveira, teria pedido a remoção de mais de 20 questões da primeira versão da prova deste ano que havia sido elaborada.
Durante a entrevista, o ex-ministro do governo Dilma Rousseff (PT) disse que chegou a ser consultado para opinar sobre o tema da redação do Enem quando estava à frente da pasta, mas escolheu não sugerir. "Meu filho era treineiro naquele ano", se justificou. Porém, afirma que essa seria a única consulta permitida ao ministro.
Afastamento no Inep
Associações ligadas à educação protocolaram na noite de ontem (17) uma ação civil pública na qual solicita a intervenção e o afastamento imediato do presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), Danilo Dupas, do cargo. A ação é movida pela Educafro, a Ubes (União Brasileira de Estudantes Secundaristas) e a Campanha Nacional pelo Direito à Educação.
Na ação, as associações citam "gravíssima crise" no Ministério da Educação, "desencadeada pelos abusos, despreparo, inépcia e má-fé", e pedem o afastamento imediato de Dupas por um prazo de no mínimo 90 dias sob pena de multa diária de R$ 100 mil.
O ex-ministro Renato Janine Ribeiro defendeu esses servidores. "São servidores de carreira, qualificados, que podem dizer: 'estamos aqui para servir ao país, não aos humores do governo tal, seja de direita ou esquerda'."
"Cara do governo"
No fórum de investimentos em Dubai, nos Emirados Árabes, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) comentou a demissão em massa de mais de 30 servidores no Ministério da Educação às vésperas do Enem e disse que a prova começa a ter "a cara do governo". As demissões ocorrem em meio a denúncias de censura no conteúdo da prova.
"Começam agora a ter a cara do governo as questões da prova do Enem. Ninguém está preocupado com aquelas questões absurdas do passado, de cair um tema de redação que não tinha nada a ver com nada. É realmente algo voltado para o aprendizado", declarou o presidente.
Depois, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, negou que o presidente Bolsonaro interfira nas provas do Enem. Ribeiro também disse à CNN Brasil que o Enem deste ano está "garantido". O exame está previsto para ocorrer nos dias 21 e 28 de novembro.
Quero afirmar a todos os estudantes e aos alunos e pais que nos ouvem que o Enem está garantido. As provas foram impressas há meses, já foram encaminhadas. Não há como interferir nem eu, nem o presidente do Inep, nem o presidente da República. Então, essa ideia de que houve interferência é uma narrativa de quem quer politizar a educação.
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