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Milton Ribeiro diz que pediu para CGU investigar denúncia de propina no MEC

O ministro da Educação, Milton Ribeiro - Isac Nóbrega/PR
O ministro da Educação, Milton Ribeiro Imagem: Isac Nóbrega/PR

Do UOL, em São Paulo

23/03/2022 19h29

O ministro da Educação, Milton Ribeiro, disse hoje que acionou a CGU (Controladoria-Geral da União) para investigar uma denúncia anônima sobre a solicitação de propina na pasta. Segundo ele, a informação chegou a seu conhecimento em agosto de 2021.

"Quando, em agosto do ano passado, eu ouvi e recebi uma denúncia anônima a respeito da possibilidade de que eles [os pastores Gilmar e Arilton] estariam praticando algum tipo de ação não republicana, imediatamente eu procurei a CGU. E fiz um ofício em que eu noticio ao senhor ministro da CGU que houve esse tipo de indicação", disse, em entrevista ao programa "Pingos nos Is", da Jovem Pan.

Ribeiro também garantiu que nunca existiu "gabinete paralelo" no MEC. O chefe da pasta explicou que isso não seria possível porque, segundo ele, de 48 visitas que fez por todo o Brasil, apenas nove encontros tiveram a participação dos pastores. O ministro da Educação também negou que vá deixar o cargo.

Além disso, ele ressaltou que não está dizendo que os pastores são culpados e que, "até o momento", os respeita, porque acredita que qualquer pessoa "é inocente até que se prove o contrário": "eu convivi com eles, em termos de viagem, em umas quatro viagens, e eu nada vi de diferente".

Não estou aqui acusando ninguém. Não estou dizendo que são culpados, não sei quem está envolvido. Na verdade eu não sei aonde que essa investigação termina. Mas o fato é que, por documento oficial nascido no meu gabinete, e a meu pedido, eu fiz registrar na CGU um pedido de investigação
Milton Ribeiro, ministro da Educação

Ainda hoje, em uma entrevista à CNN Brasil, o ministro confirmou que recebeu pastores, mas negou ter dado tratamento especial a eles. Ribeiro também revelou surpresa com a informação sobre o pedido de propina.

"Eu recebi dois pastores a pedido do presidente. Está bem claro. Não os conhecia. Ele [Bolsonaro] pediu para receber uma vez e eu o fiz, normalmente, como recebo outros. Veja, ele não pediu tratamento especial, ele pediu para atendê-lo", disse Milton Ribeiro, em entrevista à CNN Brasil.

Entenda a história

Em um áudio divulgado pelo jornal Folha de S. Paulo, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, aparece dizendo que o governo federal prioriza prefeituras ligadas a dois pastores Gilmar Silva dos Santos e Arilton Moura Correia que, mesmo sem cargos, atuam em um esquema informal de obtenção de verbas do MEC (Ministério da Educação). Segundo o ministro, essa seria uma solicitação do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Na conversa revelada pelo jornal, participaram prefeitos, os dois pastores e lideranças do FNDE. Na reunião, que aconteceu dentro do MEC, o ministro falou sobre o orçamento da pasta, cortes na educação e ainda sobre a liberação de recursos para obras em creches, escolas e quadras ou para a compra de equipamentos de tecnologia.

"Porque a minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar [Silva dos Santos]", diz o ministro, na gravação divulgada pelo jornal.

Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar."
Trecho de áudio obtido pela Folha de S. Paulo

Após a repercussão, Ribeiro, admitiu ter se encontrado com os pastores citados, mas isentou o presidente Jair Bolsonaro (PL) de pedir "atendimento preferencial" a eles. Segundo o ministro, Bolsonaro "não pediu atendimento preferencial a ninguém, solicitou apenas que pudesse receber todos que nos procurassem, inclusive as pessoas citadas na reportagem".

"Da mesma forma, recebo pleitos intermediados por parlamentares, governadores, prefeitos, universidades, associações públicas e privadas. Todos os pedidos são encaminhados para avaliação das respectivas áreas técnicas", afirma no texto encaminhado à imprensa.