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Professor brasileiro ganha mais importante prêmio científico do Canadá

Cesar Victora, professor da UFPel (Universidade Federal de Pelotas) - Reprodução/UFPel
Cesar Victora, professor da UFPel (Universidade Federal de Pelotas) Imagem: Reprodução/UFPel

Lígia Formenti

Em Brasília

28/03/2017 16h29

O professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) Cesar Victora, de 65 anos, está entre os sete cientistas que receberam nesta terça-feira (28) a mais importante premiação científica do Canadá, o Prêmio Gairdner. Ganhadores desse título são considerados como potenciais candidatos à indicação para o Prêmio Nobel.

Victora recebeu o prêmio na categoria Saúde Global, concedido àqueles que, com seus achados em pesquisas, contribuem de forma positiva para a saúde de países em desenvolvimento.

O título foi concedido a Victora em reconhecimento ao conjunto de estudos sobre amamentação e nutrição materno-infantil. O pesquisador brasileiro liderou uma pesquisa, iniciada na década de 1980, considerada um divisor de águas na área de alimentação infantil.

O trabalho foi o primeiro a mostrar que a amamentação exclusiva (sem oferta de águas ou chás para bebês) ajudava a reduzir a morte dos bebês no primeiro período da vida. De acordo com estudo, o aleitamento exclusivo até seis meses reduzia em 14 vezes o risco de morte por diarreia e em 3,6 vezes o risco de morte infantil por doenças respiratórias.

A pesquisa, que mais tarde foi reaplicada em outros países, alterou totalmente a recomendação da alimentação infantil. A Organização Mundial da Saúde (OMS) passou a indicar que bebês nos primeiros meses de vida se alimentassem exclusivamente com leite materno.

Victora também liderou em 2006 um consórcio internacional que reuniu dados de 11 mil crianças, acompanhadas desde o nascimento até a vida adulta. O trabalho mostrou a importância dos primeiros mil dias na vida da criança: desde o útero até o 2º ano de vida.

A partir da análise, pesquisadores criaram o conceito de "janela de oportunidades", indicando que as intervenções nessa fase são prioritárias. O professor também liderou estudos que indicaram, pela primeira vez, que a amamentação não está apenas relacionada à redução de mortalidade, mas à inteligência.

De acordo com o trabalho, crianças amamentadas até 2 anos apresentam maiores níveis de inteligência, escolaridade e renda. O anúncio da premiação foi realizado em uma cerimônia em Toronto, no Canadá.