USP diz que prejuízo com ocupação da reitoria foi de R$ 2,4 milhões
A assessoria de imprensa da USP (Universidade de São Paulo) informou nesta terça-feira (19) que o prejuízo decorrente da ocupação do prédio da administração central da universidade foi de R$ 2,4 milhões.
"Fazem parte desse levantamento o furto e danos a câmeras de monitoramento, equipamentos de informática, videoconferência e de telefonia, móveis, materiais de escritório, portas e paredes, bem como a infraestrutura de cabeamento de voz e dados do prédio e reparos elétricos da Torre do Relógio. Também foram contabilizados os prejuízos causados pelo furto de equipamentos de tecnologia de informação no Centro de Vivência", afirma a nota da universidade.
Na semana passada, o reitor da USP, João Grandino Rodas, disse que o prejuízo causado pela ocupação deveria ultrapassar o valor de R$ 1 milhão.
"O acontecido é um escárnio aos milhões de alunos universitários brasileiros que não têm acesso às universidades públicas, bem como aos 42 milhões de paulistas que mantém a USP, no último ano a um custo de R$ 4 bilhões de reais", disse Rodas em entrevista ao programa de rádio da USP "Palavra do Reitor"
O reitor também afirmou que os estragos serão cobrados judicialmente dos responsáveis.
Em nota publicada após as declarações do reitor, o DCE (Diretório Central dos Estudantes) afirmou ser contrário a qualquer tipo de danificação do patrimônio público da universidade. "Nossas ações são sempre políticas, democráticas e visam ao diálogo. No movimento estudantil, nos diferenciamos daqueles que trabalham com a primazia da ação individual em um movimento que é coletivo. Por isso, não admitiremos a impetração de supostos crimes aos estudantes, a partir de acusações unilaterais da reitoria e da PM".
O DCE também lembra que, durante as negociações com a universidade, propôs uma comissão de averiguação de possíveis danos que incluía representantes da reitoria, professores, funcionários e estudantes. "Ao romper as negociações, a reitoria se preparou para acusar unilateralmente o movimento, sem este ter condições questionar a veracidade das acusações. Nem nós nem a sociedade sequer sabemos os possíveis danos causados pela própria Polícia Militar durante a reintegração de posse, como tem sido prática recorrente", diz a nota dos estudantes.
Reintegração de posse
Após 42 dias de ocupação, a reintegração de posse do prédio da reitoria foi feita pela Tropa de Choque da PM por volta das 5h do dia 12 de novembro.
Aberto para a imprensa após vistoria da polícia, o saguão e as salas do andar térreo do prédio apresentavam muitas pichações, vidros quebrados, e sujeira no prédio. Segundo a assessoria da USP, equipamentos eletrônicos foram destruídos ou furtados.
Os andares superiores não tinham marcas de vandalização, apenas gavetas e armários abertos. No térreo havia também dois pianos e móveis novos embalados.
Alunos detidos
Os dois estudantes detidos durante a reintegração de posse da reitoria da USP foram liberados por volta das 18h30 do dia 13 deste mês. Eles estavam no CDP (Centro de Detenção Provisória) de Osasco (Grande São Paulo).
João Vitor Gonzaga, 27, e Inauê Taiguara Monteiro de Almeida, 23, foram soltos após uma decisão da juíza Juliana Guelfi, do Dipo (Departamento de Inquéritos Policiais e Corregedoria da Polícia Judiciária), órgão ligado ao Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.
Os estudantes foram presos do lado de fora do prédio da reitoria durante a ação de reintegração de posse feita pela Tropa de Choque da PM e afirmam que não participaram da ocupação. Eles são acusados de formação de quadrilha, furto e danos ao patrimônio.
Segundo a defesa dos alunos, eles estariam em uma festa do curso de filosofia e teriam se aproximado do prédio da reitoria para saber o que estava acontecendo. Os estudantes afirmam ainda terem apanhado dos policiais, com socos na boca do estômago e chutes nas pernas, durante a abordagem.
Histórico da greve
Os alunos da USP entraram em greve no dia 1° de outubro e ocuparam a reitoria em protesto por democracia nas eleições da universidade. Os estudantes querem que o reitor seja escolhido em um processo de eleição direta em que toda a comunidade universitária possa votar.
As próximas eleições da universidade acontecem no dia 19 de dezembro e não terão voto direto. Quatro chapas concorrem à gestão da reitoria - três delas encabeçadas por professores que integram a administração de João Grandino Rodas, o atual reitor, que mantém discrição sobre o candidato preferido.
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