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Do curso técnico para o mundo: Carioca disputa título de melhor joalheiro

Aluno de joalheria Leonardo Fonseca vai representar o Brasil no concurso World Skills - Julio Cesar Guimaraes/UOL
Aluno de joalheria Leonardo Fonseca vai representar o Brasil no concurso World Skills Imagem: Julio Cesar Guimaraes/UOL

Maria Luisa de Melo

Do UOL, em São Paulo

22/05/2015 06h00

Cortar, martelar, serrar, modelar e polir um bloco de metal bruto transformando-o em uma bela jóia cheia de detalhes. Essa é a atividade desempenhada pelo estudante carioca Leonardo Fonseca. Aos 20 anos, ele é técnico em ourivesaria e pode ganhar o título de melhor joalheiro do mundo. O carioca vai participar da World Skills - competição internacional de educação profissional. A disputa será com representantes de outros 18 países, em agosto.

Antes de se tornar menor aprendiz e iniciar o curso de técnico em ourivesaria, Leonardo conta que não conhecia a atividade.

“Eu tinha 16 anos e estava querendo emprego temporário. Eu mandei um monte de currículos e a HStern me chamou. Me ligaram falando que eu havia sido selecionado, mas só tinham vagas para aprendiz de ourivesaria. Eu não fazia ideia do que era, mas topei”, lembra.

O curso teve duração de dois anos. Enquanto as aulas foram realizadas na unidade do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) na Tijuca, zona norte do Rio, as lições práticas ficavam por conta da HStern. O que Leonardo não imaginava era que acabaria se tornando um competidor entre joalheiros do mundo inteiro. A porta de entrada foi a Olimpíada do Conhecimento – maior competição de educação profissional do país, promovida pelo Senai.

“No final do curso, o Senai me chamou para competir”, conta ele, que recebe uma bolsa de ajuda de custos no valor de um salário mínimo para se dedicar de segunda à sábado ao treinamento.

Depois de levar medalha de ouro na disputa estadual, começou a bateria de treinamento para a etapa nacional. Leonardo conseguiu se destacar mais uma vez, tornando-se o representante brasileiro no World Skills.

Para a etapa internacional, Leonardo teve que se mudar para Brasília, onde fica a Diretoria Nacional do Senai. Seu treinamento passou a ser de segunda a sábado durante pelo menos dez horas por dia. A prova está marcada para agosto e será em São Paulo.

Graduação para depois

Assim como muitos jovens, Leonardo também enfrentou o dilema de ter que escolher entre cursar uma graduação ou seguir na carreira de sua formação técnica. Logo depois que acabou o curso de aprendiz de ourivesaria, ele passou no vestibular para cursar turismo na UFF (Universidade Federal Fluminense) e iniciou o curso.

Mas, no primeiro período, se viu obrigado a escolher entre a graduação e o treinamento para as competições de ourivesaria. Foi aí que resolveu abandonar a faculdade.

“Vejo alguns amigos na faculdade, mas não sofro preconceito por ter optado por um curso técnico. Diante de tantas horas diárias de treinamento, posso dizer que é um sacrifício prazeroso. Não posso deixar a oportunidade passar e eu não agarrar. Num curto espaço de tempo estou tendo contato com excelentes profissionais e um aprendizado que nunca imaginei”, diz Fonseca, que já montou uma pequena oficina na casa da avó, para confeccionar joias e também fazer pequenos reparos.

Como venceu a Olimpíada do Conhecimento na categoria de ourivesaria, ele vai ganhar uma bolsa para estudar design de joias, na PUC-Rio (Pontifícia Universidade Católica do Rio).