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Sem informação, estudantes de SP temem ir para escolas piores

Lucas Rodrigues

Do UOL, em São Paulo

09/10/2015 16h06

Após a notícia de que o governo do Estado de São Paulo pretende reorganizar escolas por ciclo único, estudantes, pais e professores passaram a se preocupar com a transferência para unidades que fiquem mais distantes de suas casas, com a realocação para salas de aulas lotadas e, até, o fechamento de algumas instituições.

Alunos ouvidos pelo UOL durante a manifestação desta nesta manhã (9) na avenida Paulista afirmam que não estão sendo consultados sobre a mudança. Eles ficaram sabendo do possível fechamento das escolas pelos diretores e pelos professores informalmente.

Segundo a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, a reorganização não tem como objetivo o fechamento de escolas. No entanto, a pasta explica que alguns estabelecimentos podem ser "disponibilizados" para outras finalidades educacionais, como creches e escolas técnicas. A previsão é que 1 milhão de alunos sejam transferidos de escola em 2016. Os estudantes devem ser realocados em unidades que ficam a uma distância de 1,5 km da atual escola.

Preocupação 

Keila Pereira, diretora-executiva da zona sul da Umes (União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo), afirma que os dirigentes de ensino informaram que cada diretor de escola deveria apresentar uma contraproposta sobre a reorganização. E que a comunidade deveria ser ouvida. “Como a gente pode contrapropor uma proposta que não foi apresentada e discutida?”, questiona. “Sabemos que o interesse é cortar gastos.”

Letícia Bacelar,16, está cursando o segundo ano do ensino médio na Escola Estadual David Nasser, na região de Campo Limpo, na zona sul de São Paulo. Segundo ela, os alunos de lá foram informados que a instituição só passaria a ter aulas do ensino fundamental. “Eu vou a pé para a escola. A outra que estão falando que iremos é longe”, afirma.

Para a mãe de Letícia, Ana Cleide, 40, que a acompanhou no protesto, a mudança faria com que a família tivesse mais gastos. “Ela teria que pegar transporte para ir a essa escola, que é longe e a gente não conhece. Isso bagunça toda a nossa vida”, diz.

Segundo a divulgação da secretaria, os pais saberão sobre as possíveis mudanças no dia 14 de novembro.

Kaíque Mota, de 16 anos, é deficiente físico e usa cadeira de rodas. Atualmente, ele consegue chegar sozinho e sem precisar de transporte público até a Escola Estadual Raul Fonseca, no Jardim da Saúde, também na zona sul. Ele receia ser transferido para uma escola mais longe de casa. “Meu pai teria que me levar”, afirma.

Victor Guilherme, 16, é colega de escola de Kaíque. Segundo ele, o diretor da escola informou aos estudantes que a instituição deixaria de ter o ensino médio. “A gente estuda numa escola que é perto de uma comunidade, então é ruim ter só o ensino fundamental, porque tem tanto crianças como adolescentes”, diz. “Tem que deixar como está. As outras escolas da região são péssimas.”

A qualidade da escola e a distância de casa também são preocupação das amigas Laís Mendonça, 16, e Aline Lopes, 16, que também estudam na escola Raul Fonseca. “O diretor disse que vamos ser transferidos para outra escola. Falaram que lá é perigoso. Sem contar que a turma já estava organizando a formatura [apesar de estarmos ainda no segundo ano].”