Vídeo mostra confronto entre policiais e alunos em escola no centro de SP
Policiais e manifestantes entraram em conflito nesta terça-feira (1º) dentro da Escola Estadual Maria José, no bairro da Bela Vista, região central de São Paulo, após pais e professores tentarem desocupar o colégio.
Em um vídeo que circula pelas redes sociais, é possível ver um dos momentos da confusão. A PM chegou a usar gás de pimenta na ação.
No início das imagens, um policial empurra um dos manifestantes. Segundos depois ele é contido por outros policiais. Mesmo com a confusão, os estudantes decidiram permanecer na ocupação. A reportagem do UOL esteve na escola na manhã de hoje e registrou algumas cenas da confusão em fotos.
Procurada pela reportagem, a PM informou no início da noite que "um baderneiro, que não era estudante, agrediu o diretor da escola com uma cadeirada e por isso foi necessária a ação da equipe policial". "Foi usado gás de pimenta para afastá-lo e conter o tumulto formado por estudantes que ocupam a escola. Cabe salientar que a PM foi ao local acompanhar um grupo de funcionários da Secretaria de Educação que tentava negociar a saída dos alunos", disse em nota.
Maria Isabel Faria, diretora regional de ensino Centro-Sul, afirma que a integridade dos dirigentes da escola teria sido ameaçada, mas nega que tenham chamado a polícia militar. "Eles [os alunos] jogaram carteiras e bancos, mas já é hábito da PM, por meio da ronda escolar, ficar perto das escolas. Ela estava do lado de fora o tempo todo", diz.
Segundo ela, os pais teriam ido até a escola para fazer uma assembleia com os alunos que decidiria a continuidade ou não da ocupação. Com o projeto da reorganização, E.E. Maria José deve ter apenas os anos iniciais do ensino fundamental a partir de 2016.
Decreto
O governo Geraldo Alckmin (PSBD-SP) publicou na manhã de hoje um decreto que autoriza a transferência de funcionários para para reorganização escolar.
Em nota, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo afirma que esse é "mais um passo na regulamentação das ações para implantação da reorganização do ponto de vista funcional (adequação dos funcionários e corpo docente)".
No momento, há cerca de 200 escolas ocupadas no Estado de São Paulo em protesto contra a reorganização. Os alunos pedem que a reorganização seja suspensa em 2016 para que seja discutida com a comunidade escolar -- segundo a secretaria, houve diálogo com a comunidade.
Até o momento, a Justiça agendou duas audiências de conciliação entre os manifestantes e o governo do Estado. O primeiro encontro teve a presença do secretário de Educação, Herman Voorwald, e foi tumultuado. No segundo, o governo de São Paulo não enviou representante.
Em uma gravação de áudio, vazada na tarde do último domingo, o chefe de gabinete da secretaria, Fernando Padula, afirmava que não havia intenção do governo em recuar na organização.
Na segunda, a secretaria formalizou a comunicação com as escolas por meio de cartas. Para alguns manifestantes, a atitude é "falso diálogo".
Reorganização escolar
As mudanças propostas pelo governo têm causado uma onda de protestos desde que foram anunciadas no final de setembro -- em um primeiro momento, estudantes e professores contrários à medida fizeram passeatas e, desde o dia 9 de novembro, estudantes ocupam escolas no Estado (190 escolas estão ocupadas segundo o último levantamento da secretaria).
O governo do Estado de SP propõe que as escolas sejam organizadas com ciclos únicos -- ou seja, as escolas terão apenas alunos do ensino fundamental 1, fundamental 2 ou ensino médio.
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