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Ex-aluno de escola pública conta como entrou em universidade dos EUA

Tiago Queiroz/Divulgação Ismart
Imagem: Tiago Queiroz/Divulgação Ismart

Hugo Araújo

Do UOL, em São Paulo

19/01/2016 05h00

Morador de um bairro da periferia na zona norte de São Paulo, Gustavo de Almeida Silva, 17, sonhava em cursar uma universidade no exterior. Aluno de escola pública, aos 13 anos, o estudante foi correr atrás do seu sonho. 

Como? Precisava se preparar para o desafio e resolveu procurar meios de melhorar sua formação. 

“O mais importante é acreditar. Parece meio clichê, mas é bem isso”, explica Gustavo, que estudou até o 9º ano em uma escola pública no Jaçanã. Ainda no 7º ano, o estudante se inscreveu em um projeto que concede bolsas de estudos em escolas particulares (Ismart).

Aprovado no programa, Gustavo frequentou, além das aulas na escola pública, um cursinho, ministrado em uma escola particular, por dois anos.

A rotina era intensa. “Às 7h, começava a aula no CEU Jaçanã. Quando acabava, eu pegava um ônibus e um metrô. A aula no [Colégio] Bandeirantes começava às 13h50. Depois eu ficava um tempo estudando e só voltava às 19h para casa”, conta.

Com a jornada dupla, Gustavo conheceu conteúdos que seus colegas da escola pública ainda não tinham visto. “Eu vi que muitas pessoas lá queriam prestar vestibulinho. Tive a ideia de dar aulas de reforço. Eu os ajudava e também treinava”, explica.

Depois de concluir o ensino fundamental, Gustavo teve o ensino médio financiado pelo mesmo programa no Colégio Bandeirantes. “Acordava 4h45, porque a escola ficava bem longe da minha casa. Acabava chegando em casa mais cedo, mas tinha muitas tarefas para fazer. Eu tive que me desdobrar”, conta.

O esforço valeu a pena. Neste mês, o aluno recebeu a aprovação na Dartmouth College, prestigiada faculdade norte-americana. Ela faz parte da chamada Ivy League (ou Liga da Hera, em tradução livre), um grupo com oito universidades norte-americanas que se destacam pela tradição e pela qualidade acadêmica.

“O primeiro passo para conseguir a aprovação é ter vontade. Depois ter em mente qual é o seu objetivo e o que você precisa fazer para alcançá-lo”, afirma.

As aulas na universidade só começam em setembro. “No começo, os alunos têm um currículo mais ou menos comum. Só depois que vão se especializando. Eu estou pensando em fazer algo relacionado à sociologia, ciências políticas ou estudos da América Latina”, explica Gustavo.

Depois de passar por toda a experiência, Gustavo conta que faria tudo novamente, mesmo sem a aprovação. “Enquanto eu estava passando por tudo isso, eu tinha noção de que se não desse certo eu não ira me arrepender. Eu estava fazendo algo em que eu acreditava e dei o meu melhor. Independentemente do resultado, eu já estava satisfeito”, conclui.