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Aluna de medicina do Prouni depende de bolsa de R$ 400 e sofre com atrasos

Thaís Ferrarini Tavares, 20, aluna de medicina sofre com os atrasos da bolsa-permanência - Arquivo pessoal
Thaís Ferrarini Tavares, 20, aluna de medicina sofre com os atrasos da bolsa-permanência Imagem: Arquivo pessoal

Marcelle Souza

Do UOL, em São Paulo

21/02/2014 16h30Atualizada em 21/02/2014 18h23

Com a bolsa-permanência atrasada, a estudante de medicina Thaís Ferrarini Tavares, 20, está fazendo malabarismo para dar conta dos gastos mais urgentes. “Além das contas atrasadas, já usei o meu limite do banco e do cartão de crédito”, diz a bolsista do Prouni (Programa Universidade para Todos).

Thaís é de Umuarama (PR), mas mora sozinha desde 2010, quando foi aprovada com bolsa integral na Unimar (Universidade Marília), no interior de São Paulo. Para realizar o sonho de estudar medicina, a mãe paga os R$ 400 de aluguel e os outros R$ 400 da bolsa permanência são usados para as contas da casa, alimentação, transporte e material de estudo.

“Na semana passada, eu tinha R$ 2 na carteira. A sorte é que almocei na casa de uma amiga todos os dias. No fim de semana, minha mãe conseguiu me mandar R$ 100. Fui ao mercado, comprei o mínimo e o que sobrou é o que tenho até o pagamento da bolsa”, diz.

A bolsa permanência é um benefício dado a alunos do Prouni matriculados em cursos de carga horária integral e que têm renda familiar de até um salário mínimo e meio (cerca de R$ 1.000) por pessoa.

O benefício existe desde 2005 e, segundo os alunos, nunca houve data fixa para o pagamento, mas nos últimos seis meses os atrasos ficaram mais constantes.

“Minha mãe não tem como me mandar mais dinheiro. Em medicina temos aulas o dia todo, fora os plantões, e não tem como fazer ‘bico’”, diz Thaís.

Ela conta que procurou os responsáveis pelo Prouni em sua universidade e foi informada de que toda a documentação necessária para a renovação da bolsa já foi encaminhada para o MEC.

A estudante decidiu então procurar o ministério, que não deu prazo para o pagamento. Na resposta à aluna, o MEC disse que a assinatura do termo de concessão da bolsa “assegurará apenas a expectativa de direito ao recebimento mensal da bolsa, ficando seu efetivo pagamento condicionado à disponibilidade orçamentária e financeira do Ministério da Educação”.

Além disso, uma das cláusulas do termo diz que se o pagamento não for feito em um mês, o MEC não está obrigado a fazer o depósito retroativo.

Enquanto isso, bolsistas de medicina encontram maneiras de economizar para não terminar o mês no vermelho. “Graças a Deus que eu como pouco. Eu não sei como os meninos do Prouni fazem, acho que comem miojo, porque R$ 400 é muito pouco”, diz Thaís.

Atraso

Em nota enviada por volta das 18h desta sexta-feira (21), o MEC disse que o pagamento da bolsa permanência é feito com regularidade. "No ano passado, por exemplo, todos os pagamentos foram efetuados até o dia 7 de cada mês. Este mês, por conta de um problema operacional, o pagamento atrasou. O pagamento já está sendo regularizado".