"Se necessário, vamos até o ano que vem", dizem alunos sobre ocupações
Os estudantes contrários à reorganização escolar proposta pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB) fizeram mais um ato pelas ruas da capital paulista no final da tarde desta segunda-feira (7). Apesar do decreto que adiou a medida, eles reivindicam o fim da reestruturação. "Se necessário, vamos até o ano que vem", afirma Heudes Cássio da Silva Oliveira, 18, um dos manifestantes da E.E. Fernão Dias.
Na última sexta, Alckmin recuou e afirmou, em pronunciamento à imprensa, que a reorganização seria adiada e novos debates seriam feitos com a comunidade escolar. No mesmo dia, o secretário da educação Herman Voorwald pediu demissão. O decreto que prometia a realocação de professores e dava início ao projeto foi revogado no sábado.
Contudo, os estudantes não estão satisfeitos com o adiamento. Eles querem que a medida seja cancelada. "Nossa mensagem é: barra a reorganização, revoga. Não é suspender, adiar por um ano. A questão não é quando ele [Geraldo Alckmin] vai fazer, e sim que ele não faça", afirma Heudes.
A manifestação de hoje foi tumultuada. Após fecharem o cruzamento das avenidas Faria Lima e Rebouças, os estudantes bateram boca com alguns motoristas e pedestres. "Vão estudar" e "vagabundos" foram algumas frases proferidas pelos contrários ao fechamento da via.
A confusão durou cerca de 20 minutos. Em seguida os estudantes seguiram em passeata pela avenida Faria Lima até a rua Teodoro Sampaio. Lá, ficaram cerca de 40 minutos no cruzamento com a avenida Pedroso de Moraes. Após votação, decidiram então dar a volta no quarteirão e chegaram à mesma via às 20h.
Por todo o trajeto, cerca de oito carros da Polícia Militar acompanharam os manifestantes. Não houve confronto entre PM e alunos.
Para Heudes, as ocupações ainda têm força e os estudantes não abrirão mão de algumas pautas. "A luta continua até que o governador se comprometa a não fechar nenhuma escola, não implantar o projeto de reorganização, não punir os apoiares, reduzir a quantidade de alunos por sala e melhorar a estrutura das escolas."
"Não há razão"
O governador Geraldo Alckmin defendeu nesta segunda que os alunos desocupem as mais de 190 escolas tomadas em protesto contra a reorganização.
"Não há razão nenhuma para ter escola hoje invadida. Se a causa era essa [reorganização], agora é retomarmos as aulas para poder o mais rápido possível concluir o ano letivo. Esse é o objetivo", disse ele.
Na próxima quarta-feira (9), haverá um ato de apoio às ocupações no vão livre do Masp (Museu de Arte de São Paulo), na avenida Paulista.
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